Cultura & Espetáculos
Espetáculo Ubu Rei propõe uma reflexão sobre a ascensão do fascismo e da violência política
Por Aline Nascimento
Não será mera coincidência enxergar um retrato do Brasil na nova montagem de Ubu Rei, clássico do teatro que estreia às 19h nesta quarta-feira (19), no teatro do Sesc-Campinas. “É uma sátira ao crescimento do fascismo e da violência política”, explica a atriz Paula Guerreiro, jornalista formada pela PUC-Campinas, que interpreta Mãe Ubu na obra do escritor francês Alfred Jarry, concebida em 1896.
Na montagem do grupo “Os Geraldos”, a peça tem a direção de Gabriel Villela, um dos mais premiados diretores do teatro brasileiro. Ubu Rei se mantém atual, conforme argumenta Paula, fazendo uma sátira à realidade do Brasil de 2022 ao criticar o poder exercido com autoritarismo e a falta de compaixão. A obra apresenta Pai e Mãe Ubu, que, entregues à barbárie, invadem a Polônia, assassinam o rei, usurpando-lhe o trono.

Intérprete da personagem Mãe Ubu, Paula conta que a peça continua atual por se tratar de clássico. “A universalidade, a atemporalidade e o diálogo com todos os tempos e todas as culturas são características dos clássicos”, argumenta a artista.
Definida pela produção como um “delírio tropical”, com estética surrealista e personagens com traços arquetípicos e caricaturais, Ubu Rei traz a sátira ácida e afiada, mas ao mesmo tempo engraçada e graciosa, utilizando-se da desconstrução do real e da reconstrução no absurdo, sem deixar de concorrer com a realidade.
Desde que concebida, a obra satiriza o exercício do poder pautado pela mediocridade, totalitarismo e violência, traços presentes em representantes que fazem declarações e “brincadeiras” despretensiosas, mas que, simbolicamente, apresentam uma realidade trágica, lembra a atriz.
“No Brasil, há muita barbárie. Há assassinatos movidos por questões políticas, e um governo vulgar, com o presidente imitando pessoas com falta de ar e falando que prefere ter filho bandido a um filho gay”, ressalta Paula.

O espetáculo gira em torno de uma tomada de poder forçada e autoritária, cercada de violência e sangue, e Paula reitera que a peça conversa com a ascensão de movimentos de extrema-direita e fascismo no Brasil e no mundo contemporâneo. “Existe uma onda fascista no mundo todo. A Itália, por exemplo, acabou de eleger uma líder da extrema direita”.
Apesar de seu teor sociopolítico, Ubu Rei não pretende passar uma mensagem final definida como “moral da história” ao público, mas sim estimulá-lo a buscar um sentido próprio e crítico ao que assiste. “Não é um espetáculo para passar uma mensagem. É um delírio que resulta em uma provocação, para que o público chegue às suas próprias conclusões”, descreve a atriz.
Ingressos disponíveis através da bilheteria no SESC ou do site . Os ingressos variam entre R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia) e R$ 9,00 (credencial plena).
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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