Destaque
Avaliação é do jornalista Maurício Simionato, que teme pela segurança da democracia frente às particularidades das eleições 2022
Por: Vinicius Vilas Boas
Se há quem diga que o poeta vive com a cabeça nas nuvens, o jornalista Maurício Simionato tem se mantido nos últimos dez anos com os pés na terra. Assessor de imprensa do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, ele aprendeu a conviver com a rotina de escritório ao invés de viajar pelos confins do país para fazer reportagens investigativas. O motivo? Ficar mais perto dos filhos, Vinicius e a Clarice.
A aterrissagem em Campinas não o afastou, no entanto, do prazer de ouvir histórias e escrever. Nem de ser crítico em relação às mazelas do país e à política. Com uma sólida carreira no jornalismo investigativo e político, construída ao longo dos anos em jornais como a Folha de S. Paulo, Simionato aprendeu a conhecer o país e seu povo.
A saudade dos tempos como correspondente ainda permanece viva em seu coração, sempre inquieto, apesar do semblante calmo. De escalas em escalas por diversas redações – algumas já extintas, como o jornal Diário do Povo, de Campinas – Simionato lembra com orgulho das suas primeiras experiências políticas, ainda na Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. “Tínhamos um jornalzinho onde fazíamos denúncias da falta de materiais e equipamentos da instituição, com a intenção de buscar melhorias para os alunos”, lembra. Nesta entrevista exclusiva ao Digitais, ele analisa a cobertura política na imprensa do país.
Digitais: Como o jornalista deve se comportar em uma época de polarização política, como vivemos nesta eleição?
Maurício Simionato: O jornalista tem que ter isenção, paciência, sangue frio e correr atrás das provas para combater as fake News. Você tem que ter uma matéria muito bem construída, baseada em provas e em dados jurídicos. Acho que esse é o principal ponto de combate.
Como você define uma boa cobertura eleitoral?
Uma boa cobertura eleitoral deve ser equilibrada, deve ter foco na defesa da democracia. Acho que esse é o principal foco na cobertura eleitoral, a defesa da democracia.
Na sua opinião, por que a imprensa dá mais destaque à atuação do presidente da República e menos a deputados, senadores e governadores? Tem como mudar esse cenário?
Tem como mudar e eu acho que o envolvimento da participação popular é fundamental nisso. Hoje, a gente tem pessoas que não se lembram em quem elas votaram para deputados e vereador [em eleições passadas] e eu acho esse movimento pessoal fundamental. A pessoa tem que continuar cobrando aquele candidato em quem ela votou. Deve enviar propostas, fazer pedidos de melhorias e até mesmo usar as redes sociais para cobrar. É natural que a imprensa dê mais espaço ao presidente porque é o cargo mais importante, mas é possível mudar, sim.
Você acha que o atual governo fragilizou o poder do jornalismo?
Não, ele tentou e tenta até hoje, mas acho que o tiro saiu pela culatra. Ele [o governo Bolsonaro] fortaleceu o jornalismo, porque ele conseguiu se unir contra essa instituição, que é o jornalismo.
Você vê diferenças entre esta eleição e as outras?
Sim. Toda eleição tem uma particularidade e nessa eu acho que está mais em jogo e em evidência um projeto contra a democracia. Vamos ter que derrotar novamente a barbárie, porque se houver um recuo nosso neste momento, a democracia estará em jogo.
Você acredita que o jornalismo ainda é o quarto poder ou ele é a manutenção de todos os outros?
Acredito que o jornalismo já foi o quarto poder, porque hoje ele trabalha em conjunto como uma espécie de fiscalização dos outros três poderes constituídos. Na minha opinião, há um outro quarto poder, que é o Ministério Público. Acho que o jornalismo acaba se enquadrando com o Judiciário, que tem uma função mais independente. Acho que o jornalismo está mais próximo do Ministério Público no sentido de fiscalização.
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Marina Fávaro
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino