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Carolina Grohmann, ex-aluna de jornalismo da PUC-Campinas, reúne histórias para tentar compreender o Brasil contemporâneo
Por: Larissa Fortunato

O segurança Pablo Caíque, que carregava nos ombros o presidente Jair Bolsonaro no momento que o candidato foi esfaqueado, em Juiz de Fora (MG), na campanha eleitoral de 2018, é o primeiro dos 46 depoimentos que a jornalista Carolina Grohmann reúne no livro O Brasil de Bolsonaro, lançado pela editora Mireveja, com 285 páginas. Ex-aluna da faculdade de jornalismo da PUC-Campinas, a autora descreve a obra como “um exercício de escutas”, no qual busca entender a “guerra narrativa” que domina o cenário político brasileiro na atualidade.
“Nós temos o costume de olhar o mundo de uma forma binária, sim e não, certo e errado. O ano de 2018 foi assim: PT e Bolsonaro. Mas tem muita gente que não se encaixa nessas duas opções”, apontou Carol, hoje pós-graduanda em Culturas e Identidades Brasileiras, na Universidade de São Paulo (USP).
Segundo afirmou em entrevista para o Digitais, o livro foi feito para apresentar um novo ponto de vista ao leitor disposto a viver “a realidade do outro” e, por meio de relatos, ajudar a compreender os acontecimentos que apontam para as eleições mais turbulentas na pós-redemocratização do país.
De acordo com Carol, os relatos presentes nesta obra refletem o resultado do segundo turno no ano de 2018, representado por entrevistas com eleitores espalhados por 17 Estados brasileiros. Há também histórias contadas por 4 pessoas que não participaram ativamente das eleições, mas que vivenciaram este período e deram suas contribuições, representadas por duas mulheres – refugiada e imigrante – e dois jovens que votarão pela primeira vez este ano.
“Tentei no livro pegar o que se chama de macro-história e elaborar narrativas a partir de micro-histórias, de pessoas que não foram protagonistas daquele acontecimento, mas que foram afetadas por aquilo e podem contar suas impressões”, relatou a jornalista.
A autora disse que, em nenhum momento, perguntou o voto do entrevistado, embora em muitos casos tenham revelado suas simpatias. “Isso nos proporciona construir um espelhamento deste cenário sociopolítico”, ponderou.
A escolha das fontes ouvidas na obra não seguiu um padrão específico. Uma das ferramentas que auxiliou a autora na seleção foi o Instagram, através das “hashtags” que estavam em alta na rede social. Grohmann fez uma análise dos perfis e, assim, entrou em contato com os possíveis depoentes.
Carol diz que procurou ouvir desde pessoas que admirava e que poderiam contribuir com suas histórias, como Vinicius Lima, do movimento “SP Invisível”, e Natalha Theófilo, defensora de direitos humanos do município de Anapu (Pará), assim como pessoas em evidência nas redes sociais, como Maicon Sulivan, amigo da família Bolsonaro, e João Pedro Araújo, criador do perfil “Bolsogatas”.
Grohmann admitiu que o livro não pretendeu ser imparcial, o que seria impossível em sua avaliação. “A gente tem que admitir que nenhuma escuta é parcial. Não tem como: a pergunta vem a partir daquilo que me atravessa. Então não tem como falar de imparcialidade quando você lê, vê as pessoas que escolhi para estar no livro e as próprias perguntas”.
Carol afirmou que está empolgada com as eleições em outubro e declarou que não tem um dia, desde 2018, que não pense neste ano de 2022. Segundo a jornalista, seu maior objetivo com o livro não é gerar impacto, mas mostrar que, ao escutar as pessoas e suas histórias, existe uma complexidade muito maior do que ficar discutindo Lula (PT) e Bolsonaro (PL). “Na verdade, isso é um prisma, existem muitos lados”.
No livro, Carol convida o leitor a continuar escrevendo as páginas desta “história”, utilizando o argumento de que muitos marcos entre os anos de 2018 e 2022 não foram contados. Por este motivo, a jornalista criou o site “O Brasil de Bolsonaro” para os que quiserem contar a sua versão deste período. Abaixo, alguns relatos contidos na obra:

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Pietra de Moraes
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