Destaque

Guerra de narrativas é tema de última palestra

Palestrantes relatam suas experiências na cobertura política e na rotina de redações e instituições públicas

Por: Marina Fávaro

Com foco na cobertura política em ano eleitoral, a Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas encerrou o ciclo de palestras da Jornada de Jornalismo: O jornalismo em ano de eleições, na manhã de ontem, quarta-feira (14). O evento contou com a presença de professores e alunos do curso de jornalismo, além do atual repórter da ACidadeON, Marcos Andrade; do jornalista e atual secretário de Comunicação do Estado de São Paulo, Cleber Mata e do jornalista André Camarão, que possui 38 anos de atuação jornalística, incluindo atividade na área acadêmica.

Marcos Andrade: “As pessoas não querem saber a verdade; elas querem continuar compartilhando e pensando aquilo que convém” (Foto: Júlia Garcia)

Para o repórter Marcos Andrade, as redes sociais potencializam o compartilhamento de fake news, e a imprensa não sabe enfrentar este fenômeno, o que prejudica as bases democráticas do país. “Apesar dos recursos de checagem, a imprensa não sabe lidar com as fake news. No contexto de campanha eleitoral, dependendo do público, a partir do momento em que o você desmente uma informação, as pessoas acham que você está fazendo campanha eleitoral para outro candidato”, disse o jornalista.

Diante da atual guerra de narrativas e da constante busca por audiência, o repórter ressaltou que o jornalismo é prejudicado. Para ele, com o objetivo de substituir os especialistas, veículos noticiosos contratam comentaristas para opinarem de forma polêmica sobre determinado assunto, visto que isto gera views. “Temos um extremo atacando e construindo narrativas, e a gente, sendo imprensa, não sabe como lidar. Nós e os professores somos alvo dessa ideologia política, porque geramos pensamento e reflexão”, afirmou.

Cleber Mata: “O que me conforta é que o jornalismo salvou muitas vidas e que nós estamos em processo democrático em vias de acabar com essa nuvem que paira sobre a gente” (Foto: Júlia Garcia)

Cleber Mata contou as experiências e, sobretudo, as estratégias comunicacionais utilizadas pelo governo do Estado em meio à campanha de desinformação do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a pandemia de Covid-19. “Hoje, se todos estão vacinados é graças ao [Instituto] Butantan e à comunicação pública que foi realizada para incentivar as pessoas a se vacinarem com uma vacina de tecnologia internacional, mas produzida inteiramente no Brasil”. Ainda sobre a guerra de narrativas no contexto da pandemia, o secretário de Comunicação do Estado de São Paulo afirmou que “a opinião pública pautou a decisão da Anvisa” sobre o início da vacinação. Ele contou emocionado que, após a decisão positiva, São Paulo iniciou a vacinação contra a Covid-19 com a enfermeira Mônica Calazans.

Durante a palestra, ele também relatou o episódio vivenciado por ele na noite de terça-feira (13), em que a jornalista Vera Magalhães sofreu ataques do deputado bolsonarista Douglas Garcia após o debate da TV Cultura entre candidatos ao governo do Estado de São Paulo. “Em tempos sombrios de ignorância e ataques a jornalistas, o jornalismo nunca foi tão necessário”, afirmou o secretário de Comunicação do Estado de São Paulo.

André Camarão: “Nunca sejam autocensores de si mesmos” (Foto: Júlia Garcia)

O jornalista com anos de experiências em redações de emissoras de televisão André Camarão afirmou que em diversos momentos da história “a mídia errou e errou muito”. Segundo ele, recentemente, as emissoras vêm transformando a imagem de Bolsonaro – que até então era colocado como a pessoa capaz de combater a corrupção do Partido dos Trabalhadores (PT). Sobre a cobertura jornalística do último 7 de setembro no que diz respeito ao excessivo destaque à manifestação bolsonarista por parte dos veículos noticiosos, Camarão disse que as emissoras dependem do canal governamental porque há uma tendência das emissoras em reduzirem a equipe externa, a fim de baratear a produção. “Para quem quer ser jornalista: assista sempre a vários canais, porque o discurso é diferente em cada um”, ressaltou o jornalista.

Quando questionado sobre as divergências entre os repórteres e a chefia, Camarão afirmou que “nunca devemos ter autocensura, porque se a gente tem autocensura, jamais vamos achar brechas para colocar a notícia”. O professor Marcel Cheida, que foi o mediador da mesa, complementou o palestrante ao afirmar que “dentro da redação, o jornalista precisa enxergar as brechas e saber negociá-las para atender o interesse público”.

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Sophia de Castro


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