Destaque
Secretaria Municipal de Campinas visa minimizar a defasagem no
Ensino Fundamental com o Programa “SuperAção”
Por: Giovanna Sottero
O Dia Mundial da Alfabetização, 8 de setembro, tem como um dos propósitos motivar a luta contra o analfabetismo, mas desde a pandemia, a aflição crescente de especialistas sobre os prejuízos da defasagem na alfabetização por conta da quarentena, se provou realmente uma preocupação. De acordo com dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), uma análise foi feita pela organização Todos pela Educação, em fevereiro desse ano, a qual mostrou que o número de crianças de seis e sete anos no Brasil que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% de 2019 para 2021.
No primeiro semestre de 2021 foi feita pela Secretaria Municipal de Educação de Campinas, uma avaliação diagnóstica, que tinha como objetivo observar quais processos de ensino aprendizagem tinham sido prejudicados na pandemia. Essa avaliação foi o primeiro passo do Projeto “SuperAção” para combater a defasagem no Ensino Fundamental e no EJA (Educação de Jovens Adultos).
O Projeto, que compõe todas as 45 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (1° ao 9° ano) de Campinas e o EJA, propõe uma reordenação curricular, ou seja, as aulas que não foram oferecidas seriam atribuídas agora, sendo assim uma restituição de currículo. O Secretário adjunto da Secretaria de Educação de Campinas, Luiz Roberto Marighetti, explica que o objetivo do Programa visa atuar nas viabilidades que a pandemia provocou. A ideia é o plano atuar nessas atividades, ele não é um reforço.
Em entrevista feita por vídeo, ele também explica que o projeto é uma força em conjunto com todas as escolas municipais, onde cada uma delas realizou um plano de ação para lidar com os prejuízos da pandemia. “Sendo assim as escolas traçavam um plano e o que precisavam da Secretaria para que ele funcionasse. E após isso a secretaria juntou todos os planos e criou um próprio que atendesse todas as escolas e esse Plano se tornou o Projeto SuperAção”, explica.
Maria Edilaine Rodrigues Trevizam, professora do primeiro ano na escola EMEF Prof.ª Claudete Aparecida Guidolim Nicolai, afirma que percebeu uma defasagem considerável em seus alunos. “Muitas crianças não tinham tido nada de conteúdo, então teve que ser resgatado lá do início, muito embora algumas famílias tentaram e fizeram o melhor, foi bom, mas não o suficiente. Pois percebemos que esse fator humano de convivência, de regras foi muito prejudicado. As crianças não só tiveram prejuízo de conteúdo, mas também de desenvolvimento e convivência, de se socializar”, afirma.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Campinas 15% dos alunos de 4º e 5º anos não estão com a alfabetização consolidada, ou seja, não alcançaram os níveis desejados em leitura e escrita. Enquanto 40% dos estudantes de 6º e 7º anos, apresentaram defasagem na aprendizagem no conteúdo de matemática.
A defasagem sentida pelos pais, teve como foco alunos a partir do 3° ano do ensino fundamental, a qual mostraram uma grande dificuldade em leitura. “Devido ao tempo dele ter ficado em casa acabou, infelizmente, tendo uma defasagem no aprendizado dele. Com outras crianças na escola e junto com a professora, o aprendizado dele teria sido muito mais efetivo”, esclarece Anderson dos Santos, pai de Luan de oito anos, que estuda na escola municipal E. E. Prof. José Roberto Magalhães Teixeira, no 3° ano. Ele também afirma que Luan sempre teve dificuldade na leitura e em formar frases, mas que isso foi agravado na pandemia.
Grazieli Ferreira Miranda, mãe de Rafael e Gabriel que possuem nove anos, e estão atualmente no 3° e 4° ano respectivamente, explica que a pandemia afetou seus dois filhos, e que as dificuldades que eles tinham foram aprofundadas com a quarentena. “O Rafael sempre foi uma criança com vontade de aprender, ele mostra interesse, mas eu acho que ele ficou perdido, por que se ele tivesse feito o primeiro ano completo e o segundo ano certinho como deveria ser, hoje ele estaria bem melhor, pois com pouco tempo de estudo já se percebe uma evolução”, diz.
Grazieli também confirma que ambos apresentam uma defasagem, mas Gabriel é um dos mais afetados “O afastamento da escola na pandemia fez ele perder mais ainda esse interesse, que já era pouco diminuiu mais ainda, então assim prejudicou muito mesmo, agora estamos tentando correndo atrás […], ele ainda não sabe ler e nem escreve sozinho”, reclama.
O Programa SuperAção tem como estimativa durar três anos, mas Marighetti conclui que vai depender das próximas avalições diagnósticas que serão feitas no final de cada semestre por um ciclo de 3 anos, sendo assim o projeto vai ser ajustado de acordo com as avaliações.
Orientação: prof. Gilberto Roldão
Edição: Giovanna Sottero
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