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A tensão pré-eleitoral entre Excluídos e bolsonaristas marcou comemoração do bicentenário da Independência em Campinas
Por: Melyssa Kell

Sob o lema “Independência para quem?”, o Grito dos Excluídos encerrou, nesta quarta-feira, o desfile militar e escolar na Avenida Francisco Glicério, em Campinas, que este ano contou com uma inusitada motociata de apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro. O movimento caracterizado como de esquerda, que reúne organizações sindicais, partidos políticos e conta com apoio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), sofreu provocações e vaias ao longo do festejo em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil.
Neste ano, as bandeiras de luta do movimento popular variaram da defesa da democracia à luta por direitos humanos, passando pela reivindicação de políticas públicas em atendimento aos mais necessitados. Eles também defenderam a eleição do candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno das eleições que ocorrerão no próximo mês.

“Eles são corajosos de virem aqui para estragar o desfile de quem realmente pensa no Brasil. Tudo o que eles querem é ficar recebendo dinheiro do governo e vem aqui bagunçar”, queixou-se Eduardo Joaneretto, que acompanhava a festividade, em relação aos manifestantes. “Meus filhos vieram aqui desfilar e honrar o país, e eles vieram fazer o quê?”, perguntava Ana Deziderio, dizendo-se injuriada com a participação dos excluídos, movimento que ocorre há exatos 28 anos nas comemorações de 7 de setembro.
Em contrapartida, a representante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Lourdes Simões, uma das organizadoras do Grito, disse que o movimento é uma expressão legítima em defesa da democracia. “Estamos em defesa da classe trabalhadora e contra toda desigualdade. Nós vamos seguir, nos organizando e disputando o presente e o futuro”, afirmou. Representantes do Movimento Sem Terra (MST) e dos coletivos Marielle Vive e Mulheres na Periferia também integravam o Grito dos Excluídos.

Bolsonaro (Foto: Melyssa Kell)
Em campo político oposto, a motociata portava símbolos nacionais dos quais o presidente Bolsonaro se apropriou em sua campanha à reeleição, como amarela e a Bandeira do Brasil. Muitos dos motoqueiros ali presentes paravam para tirar foto junto aos espectadores.
Francisco Errante, 47, que acompanhava o desfile, declarou que a motociata serviu apenas para fundamentar ainda mais seus valores. “Eu sou um cara que gosta da família. Eu não gosto dessa bagunça que o povo aí tá fazendo. Eu gosto é das crianças desfilando. Eu tô ainda mais firme no meu voto para Bolsonaro presidente”.

em defesa da democracia e eleições limpas (Foto: Melyssa Kell)
No momento de maior tensão entre os dois grupos partidários, o bloco dos Excluídos foi orientado por Lourdes Simões a não responder às ofensas dos apoiadores de Bolsonaro. “Não respondam às provocações. Lembrem que nenhuma ameaça vai nos imobilizar, ninguém vai calar nossa voz. Nós sabemos que dias melhores virão, a mudança está chegando, queremos a democracia, queremos eleições livres e limpas”.
Diferentemente das outras entidades que desfilaram, os integrantes do Gritos dos Excluídos abriram as laterais da avenida para quem quisesse demonstrar apoio e desfilar ao lado do carro de som. A prefeitura estimou que, mesmo com o tempo chuvoso durante a manhã da quarta-feira, 35 mil pessoas acompanharam o evento na Francisco Glicério.

pausa em função da pandemia (Foto: Melyssa Kell)
Os grupos que incluíam militares, entidades e alunos de escolas particulares e municipais fizeram o percurso a pé ou em motos e carros blindados. O desfile acabou por volta das 11h30, quando os grupos de direita e esquerda se dispersaram em sentidos opostos.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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