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Existe um processo de desqualificação do centro

Há um deslocamento dos serviços utilizados pela chamada ‘elite urbana’ para outros lugares da cidade

Por: Julio Afonso e Lariel Gomes

Praça na região central da cidade e ao fundo, a Catedral Metropolitana (Foto: Lariel Gomes)

O centro de Campinas passou por transformações nos últimos anos, decorrentes de alterações na dinâmica urbana da cidade. Com isso, uma ideia de degradação da região foi sendo construída por parte da população da cidade e tal visão está associada a fatores como degradação do patrimônio público, deterioração da paisagem, desvalorização imobiliária, falta de segurança, aumento no número de moradores de rua, dificuldade de estacionar, fechamento de lojas e fuga de grandes marcas.

De acordo com Maria Silvia Duarte, mestre em Ciência Política e integrante do CMU (Centro de Memória-Unicamp), um dos principais motivos para a mudança na dinâmica urbana e a degradação do centro da cidade, se deve ao fato de que houve uma modificação em relação ao público que frequenta esse espaço: “O centro parou de ser frequentado pela elite e passou a ser frequentado pela classe média e classe mais popular, o que teria colaborado para esse processo. Eu acho que isso está relacionado com o deslocamento de uma série de serviços utilizados pelas chamadas ‘elites urbanas’ para outros lugares, como por exemplo a chegada dos shoppings centers. O crescimento urbano e a expansão urbana propiciaram isso”.

Maria também acredita que esse movimento contribuiu para a construção de uma imagem negativa do local. “Podemos pensar também em um processo de desqualificação do centro socialmente construído por interesses dessas camadas mais favorecidas da sociedade. Um processo culturalmente bastante preconceituoso, discriminatório, que também contribui para criar uma imagem razoavelmente negativa da região e que também contribui para afastar pessoas que são vulneráveis a este tipo de pensamento desqualificador, enxergando um local potencialmente perigoso, onde é preciso tomar cuidado para andar nas ruas, perigo de assaltos… como se nos outros bairros não aconteçam problemas dessa natureza também.”

A extensão da região central da cidade é de aproximadamente 1,5 quilômetro quadrado, sendo delimitado pelas avenidas e ruas: Aquidaban, Boaventura do Amaral, Barreto Leme, Anchieta, Irmã Serafina, Orozimbo Maia, Francisco Glicério, Doutor Mascarenhas, Lix da Cunha e Waldemar Paschoal. Isso porque, atualmente, a prefeitura da cidade já fala em uma macrorregião central, que abrange outros bairros, como Cambuí, Bosque, Jardim Guanabara e Jardim Botafogo.

Frequentadores

Mesmo com essa imagem negativa, muitas pessoas valorizam e frequentam o local diariamente, seja a trabalho ou para o lazer, como é o caso do taxista Cláudio Moraes, de 39 anos. “Além de trabalhar aqui, utilizo o centro com a minha família, para os meus passeios, para as minhas folgas. Por exemplo, chega ’sabadão’ depois do meio-dia já paro as atividades e muitas vezes aproveito por aqui mesmo, em algum barzinho ou até mesmo fazendo compras com meus filhos”.

Juliana Albuquerque, tem 31 anos, é Gerente de uma loja de roupas que fica no centro de Campinas e também vê vantagens em trabalhar no local. “Assim, em questão de horário, em questão de fluxo eu prefiro o centro. Eu já trabalhei em shopping e já trabalhei no centro também, tanto em São Paulo quanto em Campinas e existe uma grande diferença… o público da rua é muito maior. ”

Mesmo existindo pessoas que ainda utilizam e gostam de frequentar o centro da cidade, João Verde, Professor de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas e Conselheiro do CMDU (Conselho Municipal e de Desenvolvimento Urbano de Campinas), vê algumas alternativas para requalificar o local e atrair diferentes públicos, acompanhe no vídeo:

Orientação e edição: Prof. Adauto Molck


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