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Números em Campinas tiveram crescimento de 41% entre 2020 e 2021, segundo informações do Crami
Por: Luis Eduardo de Sousa
Segundo dados do Crami (Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância), o número de caso de violência contra criança aumentou 41% em 2021, comparado ao ano anterior. Foram 3.315 casos no ano passado, contra 4.690 no retrasado.
De acordo com a especialista Flávia Guimarães, pedagoga e Assessora de Educação e Cidadania da Secretaria de Educação, o isolamento social agravou o quadro porque levou os pais a passassem mais tempo com os filhos. “Essas crianças, antes da Covid-19, eram cuidadas pelas escolas, pelos centros de convivência, por parentes mais velhos e pessoas que ficavam responsáveis por essa tarefa. Mas nem todos tem o hábito de estar com eles o dia inteiro, e as crianças nos demandam energia, paciência e disponibilidade”, afirma a pedagoga.
Em 2022, até março, foram registrados 388 casos de violência infantil em Campinas. Dados dos Sisnov (Sistema de Notificação de Violência) do último boletim mostram também números altos de violência sexual. Foram 265 registros em 2021, com crianças e adolescentes até 19 anos. Em 2020, ano com mais medidas de isolamento social, foram 462 casos. Os dados refletem números nacionais também preocupantes. No Brasil, entre 2016 e 2020, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta, uma média de 7 mil por ano. Também no período, 180 mil sofreram violência sexual, uma média de 45 mil por ano.
Segundo Flávia Guimarães, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é importante para registrar as políticas públicas a serem adotadas para cuidar das próximas gerações, mas as leis não funcionam se as pessoas não compreenderem a cidadania: “30 anos é muito pouco para uma sociedade conhecer e compreender o estatuto de um modo saudável, sem as rejeições que se foi criando ao tempo, como se o estatuto tivesse sido feito para defender más condutas de crianças e adolescentes”, explica.
Em janeiro de 2021, um menino foi encontrado dentro de um barril em um bairro da periferia de Campinas. Ele estava com braços e pernas amarradas por um arame, preso dentro de um pequeno compartimento na laje da casa dos pais. “Eu nunca vi nada igual, parecia cena de guerra…o menino estava preso em um calor de 40 graus, sem água, sem comer há três dias…em 23 anos de Polícia Militar, eu nunca tinha visto isso”, declarou o Sargento PM Jason, que atendeu a ocorrência.
Segundo a especialista Flávia Guimarães, é necessário que os adultos e toda a sociedade vejam a criança como um outro ser vivo, que tem dor, sentimentos, emoções e problemas; segundo ela, a cidade tem que monitorar todas as crianças e criar uma consciência coletiva, menos individualista como se fosse o “filho do outro”. Já para o Policial, a solução é denunciar: “Quanto mais o pessoal denunciar, não ter medo de contar é essencial e ter mais amor ao próximo”, relatou.
Orientação e edição: Prof. Artur Araujo
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