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Histórias criadas por fãs amplia interesse pela literatura

As populares fanfictions contabilizam milhões de leituras mensais ao redor do Brasil e do mundo

Por: Letícia Andrade

As fanfics (do original fanfictions) são histórias ficcionais criadas por fãs, geralmente baseadas em obras de literatura, cinema, jogos ou celebridades. Esse gênero literário, que surgiu no século 19, atinge atualmente milhões de visualizações em plataformas destinadas especificamente para leitura e escrita de fanfictions. O aplicativo Wattpad, a maior plataforma mundial atualmente, obteve 180 milhões de leituras somente no mês de fevereiro de 2022 (dados obtidos através do Google Analytics). Os leitores, em sua maioria jovens entre 18 e 24 anos, são engajados em seus comentários, curtidas e sugestões aos autores.

Livros de Kimberly Mascarenhas, publicados pela editora Leya (Foto: Arquivo pessoal)

Toda essa visibilidade contribuiu para que essas histórias ganhassem a atenção de editoras, como foi o caso da fanfic Soul Rebel, de Kimberly Mascarenhas. Inicialmente uma fanfiction sobre o cantor canadense Justin Bieber, após ser publicada na plataforma brasileira SocialSpirit e obter grande número de visualizações, foi adquirida pela editora Leya e publicada em 2016.

“Foi surpreendente porque eu não esperava que tivesse à proporção que teve, eu escrevia outras histórias que também tinham grande conhecimento, mas a que eu mais me dediquei foi Soul Rebel”, disse Kimberly.

Segundo a autora, a editora que convidou para publicar sua história, que hoje já possui mais três livros publicados como continuação. “Eu acredito que por ser um meio ainda muito informal de publicar histórias, as fanfic não tem o devido valor que merecem. Mas é um universo que nos últimos 10 anos tem sido explorado e bem aproveitado, as pessoas que criticam normalmente não entendem de onde parte o princípio dessa categoria de histórias e quando a pessoa não sabe sobre o que está falando é um pouco difícil explicar e fazer com o que ela entenda”, completa.

A estudante Gabriela Ferreira lê fanfictions há mais de 8 anos (Foto: Letícia Andrade)

A estudante de psicologia e analista financeira, Gabriela Ferreira de Castro de 20 anos, começou a ler fanfic ainda na adolescência e enxerga as publicações de forma positiva, porém com pontos preocupantes. “Leio fanfics há oito anos, desde 2014, quando tinha 13 anos de idade. Comecei a ler pelo Nyah! Fanfiction, depois parti para a plataforma do Spirit Fanfics e Wattpad. Criar o hábito de ler fanfic talvez não seja tão saudável, a depender do conteúdo”. Ferreira ainda diz que o hábito de ler fanfics podem influenciar tanto positivamente quanto negativamente para a literatura. “Encontrar uma comunidade e um grupo que se identifica é bom, como também acaba sendo uma boa prática de escrita, desde que haja uma correção dos textos, como é muito feito hoje em dia com as fanfics, antigamente só se escrevia e não se revisava. Acho a revisão importante para o aprendizado correto do idioma, também agregando mais valor e credibilidade a obra”, diz.

Para Bianca Bertipaglia, estudante de pedagogia, as fanfics podem ser utilizadas como artefato para introduzir o hábito da literatura em crianças e adolescentes. “O fato de ser um tema próximo da criança e do adolescente, como os animes que atraem bastante ambas as faixas etárias, deixam a leitura muito mais prazerosa fazendo com que eles a busquem cada vez mais”, diz Bianca.

“Acredito que uma maior valorização seria, a partir da “fama” da história, ter um investimento de editoras para a publicação e divulgação da obra em formato físico, atraindo mais leitores e “monetizando” o escritor, algo que já acontece com alguns autores e fanfics que viraram livros, porém poderia ser mais investido, devido ao aumento dessa comunidade”, completa Gabriela Ferreira.

Logo abaixo, um vídeo explicativo sobre fanfics:

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Laura Nardi


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.