Destaque

Cegos auxiliam pesquisa para aplicativo em museu

“Com estudo de caso, consegui entender o que o sistema precisava”, afirma pesquisadora Cintia Mariano

Por: Vitória Silva

“Eu tive a oportunidade de trabalhar com uma pessoa que era deficiente visual. Ela tinha muitas dificuldades e eu já a ajudava com o leitor de tela”, lembra a pesquisadora Cintia Mariano, que desenvolveu a pesquisa “Definição de requisitos para aplicativos destinados a prover acesso de pessoas com deficiência visual a Museu de Arte”. O estudo foi feito no Programa de Pós-Graduação em Linguagem, Mídia e Artes (Limiar), da PUC-Campinas, sob orientação do professor Juan Manuel Adán Coelho.

Em entrevista ao Digitais, Cintia disse que seu interesse pelo tema surgiu da dificuldade de encontrar aplicativos voltados para pessoas cegas. “Na época em que desenvolvi o estudo, ainda não existiam aplicativos pensados na acessibilidade aos deficientes visuais em museus, por não ter uma ideia de sistema pronto para se espelhar, por mais que tivesse áudio-guia”

Paulo e Flávia no Jardim das esculturas (MAM-SP) participando do estudo de caso (Foto: Cintia Mariano)

Os deficientes visais Paulo e Flávia, cujos nomes verdadeiros não foram revelados no estudo, foram voluntários na produção do estudo. Paulo desenvolveu a cegueira aos 5 anos de idade, já Flávia nasceu com a cegueira. Cada um deles tinha uma certa necessidade. 

Paulo, por já ter alguma ideia das coisas, era muito independente, sabia se virar com a sua bengala. Flávia teve um pouco de dificuldade, pois a vida inteira ela se locomoveu com o auxílio de seu cão-guia e, durante o estudo de caso, fazia pouco tempo que o havia perdido.

Conforme aponta Cíntia, os museus de arte são lugares de encontros, onde estão expostas as coleções de objetos artísticos, para uma criação de saberes e de experiências para todo o tipo de público, sejam pessoas com ou sem deficiência.

“A parte mais importante da minha pesquisa foi esse estudo de caso, porque eu pude realmente ver qual era a necessidade deles. Quando a gente pensa em sistema, temos que pensar em um conjunto geral de necessidades, mas a gente também tem que olhar muito para o individual, porque cada um tem a sua forma de, por exemplo, se conduzir”, destaca a autora do estudo.

A ideia de Cintia era fazer um levantamento de requisitos para um aplicativo, pensando na mobilidade dentro dos museus e na experiência artística e estética. A finalidade era contribuir para que uma pessoa cega pudesse ir aos museus e apreciar obras de arte e esculturas atendendo suas necessidades.

Cintia Mariano ainda explica a falta de um olhar para esse público por parte daqueles que desenvolvem aplicativos. “Quem trabalha nessa área de informática precisa voltar seu olhar também para esse público. Nas universidades ou nas empresas, é importante pensar sempre em todos e não só nos videntes. Tornar acessível o mundo acessível a todos”.

A entrevista com Cintia Mariano, na íntegra, está disponível abaixo:

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: João Vitor Bueno


Veja mais matéria sobre Destaque

Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública


Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo


Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física


Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas


Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica


Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa


Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas


São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas


Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024


Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade


Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata


Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.