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Baixa adesão dos adolescentes de 16 a 17 anos para tirar o título de eleitor
Por: Víctor Freitas
Faltando seis meses para as eleições nacionais de 2022, partidos políticos e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão mobilizados para convencer os jovens de 16 a 17 anos a votar nas eleições de outubro para escolher seus próximos deputados, senadores, governadores e presidente. Apesar da legislação eleitoral não exigir que menores de idade votem, há interesse principalmente dos candidatos na participação desse público no pleito. O prazo para tirar ou regularizar o título de eleitor termina nesta quarta-feira (4).
De acordo com o TSE, até março deste ano, 1.051.000 brasileiros nesta faixa etária estavam aptos a votar. Apesar das campanhas do TSE, esse é o menor índice desde 2002, quando 2.218.000 eleitores jovens possuíam o título de eleitor.
A baixa adesão dos jovens no pleito geral e o desestímulo ao engajamento político, na opinião do cientista social e professor da PUC-Campinas Vitor Barletta Machado, são decorrentes de sucessivas crises e escândalos de corrupção na política do país. “Isso reflete muito mais o desgaste da política nos últimos anos. Essa juventude cresceu, fez toda sua trajetória de adolescência, vendo esse tipo de coisa. O aprendizado político se deu nesse ambiente, que não é o mais estimulante para você entrar [na vida política]”, avalia o professor.
Para o cientista social, a participação do jovem nas eleições possui uma peculiaridade em relação aos demais eleitores. “É uma introdução à vida política. O adolescente começará a ter ali as primeiras oportunidades nos processos decisórios brasileiros. Se pretendemos ter uma cidadania mais ativa, esse tipo de aprendizado é sempre importante”, afirma.
Opinião própria
A estudante Maria Helena Dias Carneiro Miguel, de 17 anos, conta que resolveu tirar o título de eleitor por conta do cenário político atual do Brasil. “Nunca fui uma pessoa muito antenada a respeito de política, mas depois que o Bolsonaro assumiu a presidência, comecei a reparar mais nos diálogos dentro de casa sobre e minha escola me ensinou bastante sobre a importância de se saber sobre política”, diz.
Maria Helena acredita que exercer o direito ao voto desde cedo é essencial para formar a consciência social do adolescente. “Acho que é muito importante para os jovens saberem sobre política e terem uma própria opinião na hora de votar. Assim, no futuro, teremos a capacidade de pensar nos brasileiros como um todo e decidir em eleger alguém favorável que possa ajudar a situação do país”, declara.
Seu pensamento não é unanimidade entre os jovens. O estudante Gabriel Salles Fiorante, também de 17 anos, avalia que a sua participação não seria significativa nas eleições deste ano. “Não acho necessário [votar]. Há muita gente com título que pode melhorar a política brasileira”, diz o estudante.
O desinteresse de Gabriel por política impede que o estudante discuta com seus amigos e familiares sobre candidatos e eleições. Ao contrário: ele evita falar de política. “É um assunto desagradável. Muitas pessoas criticam ou defendem, mas não sabem como é comandar um país todo”, analisa. “Por isso, não opino e nem converso”.
Quem pretende tirar o título de eleitor para votar nas eleições deste ano – agendadas para os dias 02/10 (1° turno) e 30/10 (2º turno) – podem solicitar o documento pela internet, no endereço https://www.tse.jus.br/eleitor/titulo-de-eleitor/
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Oscar Nucci
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