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Vinhedo promove festival de teatro durante o mês de novembro

Após um ano sem apresentações devido à pandemia, cidade retorna com tradicional evento cultural

“A ansiedade está muito presente nos nossos ensaios”, dizem os atores Lívia Dias e Tales Alves, que participam do festival pela primeira vez. Foto (Arquivo Pessoal)

Por: Laura Nardi

Com o avanço da vacinação e controle da pandemia no município, a 27ª edição do FESTEVI (Festival de Teatro de Vinhedo) contará com público presencial. A decisão foi tomada pela Secretaria de Cultura e Turismo da cidade e fundamentada no Plano São Paulo de combate à covid-19 para garantir a segurança de todos. Os espetáculos ocorrem nos dias 9 até 17 de novembro, no Teatro Sylvia de Alencar Matheus, e permitem ocupação de até 60% da plateia. Entre os 12 grupos que irão se apresentar, a expectativa para a volta aos palcos é alta: “A ansiedade está muito presente nos nossos ensaios”, afirmam os atores Tales Alves e Lívia Dias, protagonistas da peça ‘Romeu e Julieta’.

O secretário de Cultura e Turismo, Renato Romanetto, expõe que, após um ano de instabilidade e afastamento social, “é com alívio e bastante cuidado que retomamos gradualmente as atividades culturais e é uma satisfação, sabendo da importância da arte e da cultura para a saúde mental, como sempre menciona nosso prefeito, Dr. Dario Pacheco”.  Para ele, o ambiente da prática teatral é propício para o crescimento coletivo, destacando o papel dessa arte no exercício da criatividade, estímulo ao conhecimento pessoal e auxílio no relacionamento interpessoal.

Ele afirma, ainda, que a percepção do interesse da população em voltar a frequentar espaços culturais teve peso na decisão na abertura para público. Segundo Romanetto, a qualidade dos grupos participantes tem atraído mais público a cada ano mais. O evento também atrai ex- participantes e concorrentes da edição, que sempre prestigiam as outras produções, contribuindo com o debate ao final das apresentações.

Lívia Dias e Tales Alves, do grupo teatral Espelho D´Arte CASP, no ensaio da peça Romeu e Julieta. Foto (Arquivo Pessoal).

O ex-participante Iago Poleti já tem presença marcada para assistir o FESTEVI desse ano, alegando estar entusiasmado para apreciar as peças: “Ver que o teatro está voltando é saber que a vida está continuando mesmo com o contexto atual”. O ator acompanhou as apresentações do festival do ano passado, que foram realizadas de forma gravada e depois disponibilizadas nas redes sociais. Ele admira que o evento não tenha deixado de acontecer por conta da pandemia, e que até foi muito divertido, mas que nada se compara a energia única que se tem ao presenciar a obra estando poucos metros do palco.

Se por um lado o público está animado para o retorno presencial, os atores possuem esse sentimento em dose tripla. Com os corações acelerados e o desejo insaciável de subir no palanque, os atores Lívia Dias e Tales Alves, do Grupo Espelho D´Arte CASP, contracenam um clássico shakespeariano no próximo dia 13. A ansiedade se deve ao fato de ser a primeira vez de ambos em uma edição do FESTEVI. Para Lívia, o teatro transforma as pessoas, sendo um espaço para aprender a lidar com as diferenças e criar conexões com o outro e consigo mesmo. Tales compartilha da mesma opinião, completando que “qualquer bandeira e qualquer pessoa vai ser bem-vinda sem julgamentos, e a sociedade precisa disso, de um lugar para libertar o que há de melhor em você”.

Já para os veteranos do festival, a sensação de subir em um palco novamente é de volta para casa. “Vai ser como se fosse a primeira vez”, afirma o ator e professor de teatro Victor Tosi Hunger, que participará do FESTEVI pela oitava vez. Ele alega a falta do contato com o público nos trabalhos remotos durante o período pandêmico, completando “A gente ensaia os textos, mas é em uma sala ao vivo que vemos como o público está reagindo e assim sabemos para onde guiar a atuação”. O diretor e ator Renan Mozzer, que integra o evento desde 2018, divide o mesmo pensamento, dizendo que o retorno é crucial para o fazer artístico e que ver a atividade teatral retornando o emociona: “Estou contando os dias para subir no palco e receber as pessoas. Vai ser lindo!”

Como já mencionado, no FESTEVI 2020 optou-se pela gravação, edição e transmissão dos espetáculos, no formato de duetos ou monólogos. A atriz Lara Crivellari esteve naquela edição e relatou que a maior dificuldade foi de estar sozinha se relacionando com uma tela, visto que o teatro é também um jogo de conexões com a plateia. Porém, ela salienta que, devido ao cenário vigente à época, foi a única opção para que o festival acontecesse. “Foram poucas peças, porque foram poucos grupos que toparam entrar nessa briga, mas foram projetos bem interessantes”, diz ela, manifestando, em seguida, seu anseio com o regresso ao Teatro Municipal, que estava em reforma desde o início de 2019 e por isso não recebe nenhum espetáculo desde então. “Temos um Teatro lindo, e saber que ele está sendo cuidado para nos receber nesta volta é muito especial”.

Renan Mozzer e Lara Crivellari, atores que participam do FESTEVI há muitos anos, tem o sentimento de volta para casa.

De acordo com a Secretaria de Cultura e Turismo, tal evento tem como um dos seus objetivos incentivar o estudo do teatro (sua prática, história, dramaturgia e teoria) e divulgar as importâncias sociais, educativas e culturais do fazer teatral. “Não é raro acompanharmos ex-participantes do programa escolhendo seguir profissionalmente na carreira, buscando cursos técnicos ou universitários”, acrescenta o secretário Renato Romanetto. Esse é o caso da atriz e professora de teatro Mônica Lovato, uma das mais antigas da casa, estando em contato com o FESTEVI há 24 anos: “Eu estreei a minha primeira peça de teatro da minha vida no palco do FESTEVI, em 1997, na quarta edição”.

Ela concluiu a faculdade de Artes Cênicas em 2009 na Unicamp e hoje se dedica a lecionar teatro em cursos extracurriculares em escolas da região, como Valinhos e Campinas. “Eu segui nessa carreira por causa de um festival na cidade que eu moro que acontecia todos os anos e estimulava a gente querer atuar além das aulas. Conheço muitas pessoas formadas no FESTEVI que hoje trabalham em diversas áreas artísticas, como ator, diretor, iluminador, sonoplasta etc.”, ressaltando o impacto que o evento tem na disseminação da arte teatral. Porém, a atriz ainda observa que a contribuição principal do festival não é a formação técnica ou profissional de novos atores, mas sim a capacidade enquanto ferramenta de transformação social. Mônica não se apresentará este ano, mas confirmou comparecimento para apreciar a produção dos colegas.

PROGRAMAÇÃO

Dia                       Peça/Grupo

09/11 – 20h       Novas Diretrizes em tempos de paz (Cia Compositores de 

                           Memórias)

10/11 – 20h       Corações de Vidro (Grupo Teatral Entreatos)

11/11 – 20h       Fragmentos (Grupo teatral CASP)

12/11 – 20h        @vc (Cia Céu Branco)

13/11 – 15h        Romeu e Julieta (Grupo teatral Espelho D´Arte CASP)

13/11 – 20h       Retalhos (Projeto Ensejo)

14/11 – 15h       Todas as Alices (Grupo de Teatro ResistART)

14/11 – 20h        Entre Quatro Paredes (Coletivo Cênico Poiéses)        

15/11 – 14h        Ordem Secreta dos Elefantes Brancos (Grupo Lakuna)

15/11 – 19h        Eu, tu e o mar (Cia Intrínsecos)

16/11 – 20h        O Santo Inquérito (Cia Espelho D´Arte)

17/11 – 20h        O menino que sonhava em ser (Cia Samba da Vida)

Orientação: Profª Cecília Toledo

Edição: Caroline Adrielli


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