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Tour por locais ‘assombrados’ de Campinas conta história esquecida da cidade

Segunda visitação guiada ocorreu domingo (14) com um público estimado de 200 pessoas

A segunda edição do tour “Assombrações de Campinas” reuniu entorno de 200 pessoas nos diversos locais da cidade (Foto: Luiz Oliveira)

Por Luiz Oliveira

Ocorreu no último domingo (14) a segunda edição do tour “Assombrações de Campinas”, evento gratuito que busca resgatar fatos históricos e lendas que vivem no imaginário popular do povo campineiro. Organizado pelo projeto O que te assombra, com apoio da Prefeitura de Campinas, a visitação guiada contou com a participação de cerca de 200 pessoas e teve início por volta das 9h no Largo Santa Cruz, passou pelo túmulo do compositor Carlos Gomes, pelo túnel da Vila Industrial, e terminou no Cemitério da Saudade. O tour, que durou aproximadamente três horas, contou histórias vivas do povo de Campinas, como do escravo Elesbão, do milagreiro Toninho e da jovem Maria Jandira.

A advogada Ana Flávia com seus dois filhos, ao fim do tour no Cemitério da Saudade (Foto: Luiz Oliveira)

Levando seus dois filhos para o tour pelos locais ‘assombrados’ de Campinas, Ana Flávia, 46, conta que foi à visitação para conhecer melhor a história e a cultura da cidade. “Acho muito interessante essas histórias assombradas, elas nos fazem pensar o que pode estar por trás de cada uma delas”, diz Ana Flávia. “A gente se envolve, parece que estamos vivendo a história. Voltamos no tempo e começamos a imaginar o que acontecia na época”, completa. A advogada diz que as histórias devem ser mantidas vivas, e que jamais viria conhecer os locais se não fosse o projeto. Seu filho Felipe, de 10 anos, diz que gostou muito da visita, em especial dos relatos das aparições de Maria Jandira no Cemitério da Saudade. “Eu achei o passeio muito divertido e o jeito que ele contou as histórias foi bem legal”, diz ele.

Ricardo esteve no tour deste domingo, e diz que a visitação pode recuperar aos campineiros o orgulho da cidade (Foto: Luiz Oliveira)

“Eu acho que é um assunto interessante, independente de acreditar ou não, creio que traz um pouco do que é a história não contada da cidade”, diz Ricardo Martins, 40. Segundo ele, as histórias podem colaborar para que a população de Campinas recupere seu bairrismo e o orgulho de pertencer a cidade. “Acho que o tour revela um pouco mais do que é a cidade. A gente começa a ver e a imaginar como era o cotidiano da época em que elas aconteceram”, diz Ricardo. “Eu não tinha grandes expectativas, mas achei superinteressante. Me surpreendi”, completa. Cristiane Oliveira, 46, também estava no tour deste domingo e contou que pretendia conhecer mais sobre a história de Campinas. “A gente sempre tem um interesse por histórias de assombrações e por isso quis vir”, diz ela. Cristiane conta ainda que gostou bastante da visitação e que também pretende participar das próximas edições do tour.

O compositor Thiago de Souza conta as histórias assombradas no tour, que reúne diversas gerações (Foto: Luiz Oliveira)

“A ideia do tour nasceu depois de eu ter lido o livro ‘Assombrações do Recife Velho’, de Gilberto Freyre”, conta Thiago de Souza, 42, idealizador do projeto O que te assombra. “Achei que seria muito legal contar as histórias das assombrações de Campinas e estabelecer relações delas com a construção urbana e social da cidade”, completa ele. O compositor e roteirista, que coordena a visitação guiada, diz que o tour é apenas uma parte do projeto que conta ainda com uma websérie no Youtube e um podcast no Spotify. Com a visita, o intuito de Thiago era proporcionar a população uma experiência sensorial das histórias abordadas nas produções audiovisuais.

No projeto, Thiago conta com a ajuda de mais três pessoas para pesquisa e catalogação dos casos que segundo ele se iniciam na internet e depois se transformam em entrevistas e conversas em campo. “As histórias que contamos no cemitério, por exemplo, foram todas descobertas lá mesmo. Ouvi floristas e seguranças que me contaram”, relata. Apesar do importante trabalho que realiza, Thiago conta que não esperavam por tamanha adesão popular. “Não imaginávamos que teríamos essa forte visibilidade, mas hoje temos convicção que isso era uma demanda reprimida”, diz ele.

No Cemitério da Saudade os presentes puderam ouvir as histórias do Milagreiro Toninho e da jovem Maria Jandira, primeira pomba-gira brasileira (Foto: Luiz Oliveira)

Após o sucesso da primeira temporada de visitas, Thiago conta que já estudam a realização de novas edições, trazendo mudanças que visam possibilitar ainda mais a participação popular. “Queríamos que o tour fosse mais democrático, pois só podemos atender e acompanhar quem tem carro e isso é o limitador”, diz ele. “Pretendemos resolver isso criando um novo tour pelo centro da cidade, noturno e a pé”, antecipa Thiago. O novo formato da visita, que deve ter início ainda em dezembro deste ano, terá entre 40 minutos e uma hora de caminhada, com aproximadamente dois quilômetros de distância.

Orientação: Profª Amanda Artioli

Edição: Luiz Oliveira


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