Destaque
Preço dos alimentos tem aumento generalizado e traz prejuízo para a população
Por Gabriela Tiburcio
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que calcula a inflação no Brasil, atingiu a marca de 1,16% no mês de setembro, segundo dados do IBGE. Com isso, o preço dos alimentos continuou a subir, acumulando uma alta de 5,84% no ano. O professor da Faculdade de Economia da PUC-Campinas, Cândido Ferreira da Silva Filho, esclarece a influência da inflação no aumento do preço dos alimentos e seu impacto na vida dos consumidores.
A inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços. “Contínuo porque é todo mês e generalizado porque é o preço do conjunto de produtos”, conta o professor. Ele explica ainda que, no conjunto dos alimentos da cesta básica, a média do preço dos produtos subiu cerca de 20,47% nos últimos doze meses, estimando seu custo em R$ 650,50 centavos.
Segundo Cândido Filho, fatores climáticos como geadas e secas exercem forte influência no preço final dos alimentos. Isso porque, com a queda ou a perda da produção, a disponibilidade desses itens no mercado passa a ser escassa. “Se a produção diminui e a demanda do consumo permanece inalterada, o ajuste se faz por meio dos preços”, diz o professor sobre a necessidade de aumentar os valores para que o produtor retome e amplie sua produção.
Outro fator a ser levado em conta é a taxa de câmbio do dólar. De acordo com Filho, produtos como café, soja e carne bovina são comercializados internacionalmente e, portanto, seus valores são definidos no mercado internacional. No cenário atual de desvalorização da moeda brasileira, esses alimentos tornam-se mais baratos internacionalmente e mais caros no mercado interno. Por essa razão, a exportação acaba sendo mais vantajosa para os produtores desses itens, que passam a exportar cada vez mais seus produtos.
“Se há inflação, alguém está ganhando e alguém está perdendo”, afirma o professor. Entre os impactos da inflação na vida dos consumidores, Filho cita a redução do poder de compra devido a estabilidade dos salários, que não acompanham o aumento do preço dos alimentos, e a transferência de renda para a parcela mais rica da população.
Inflação na prática
Rogério Brolo é produtor de frutas orgânicas e de microverdes em Indaiatuba. Ele conta como sua produção foi afetada nos últimos meses: “Além das geadas e da crise hídrica, nós tivemos um incêndio causado por um balão de forma criminosa que destruiu os bananais”. Com isso, a oferta de banana no mercado caiu e o prejuízo precisou ser repassado para o preço da fruta, que subiu.
Brolo relata que também precisou buscar novas formas de produção. Aproveitando um projeto de Engenharia Agrícola de seu filho, Rodrigo Brolo, para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele passou a investir em microverdes, plantas em fase de broto quarenta vezes mais nutritivas do que as adultas. “Os microverdes são produzidos em estufa, então conseguimos controlar a temperatura e a umidade relativa do ar”, explica.
Inflação no bolso
A agente de segurança da Penitenciária Feminina de Campinas, Maria Célia Lima, comenta que precisa alimentar três pessoas em sua casa. Para ela, o alimento que mais pesou na conta nos últimos meses foi a carne bovina. Sobre as mudanças de hábitos necessárias para economizar, relata que tem “optado por alguns legumes, além de diminuir a quantidade de churrascos em família”.
O mesmo aconteceu com a técnica de enfermagem, Bárbara Castro Fernandes dos Santos, que sentiu o impacto do preço da carne na alimentação de sua família, composta por dois adultos e duas crianças. Bárbara Santos diz que tem incorporado o ovo nos seus cardápios e substituído as carnes mais caras por opções mais baratas.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Gabriela Tiburcio
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino