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Adiamento por conta da Covid 19 afeta economia e cultura da cidade
Por: Ana Beatriz Barbosa
Pelo segundo ano consecutivo, a Festa das Flores e dos Morangos da cidade de Atibaia, realizada anualmente no mês de setembro, foi adiada devido a pandemia da Covid-19. Em publicação nas redes sociais, a Associação Hortolândia de Atibaia, responsável pela organização do evento, lamenta o adiamento, porém aponta que a decisão foi a melhor a ser tomada, visto que o cenário pandêmico ainda não se mostra favorável para a realização de uma festa com tantos envolvidos.
Com 39 edições já realizadas, no ano de 2019 a Associação registrou público com mais de 100 mil pessoas no evento e venda de aproximadamente 80 toneladas de morango. De acordo com dados do site oficial do município, Atibaia é responsável por 25% de toda a produção nacional de flores, e também a maior produtora de morangos de todo o estado de São Paulo. Dessa maneira, a festa sempre contribuiu com a economia da cidade, gerando mais de 1.000 vagas de empregos diretas e indiretas, além dos muitos turistas atraídos pelo evento. Vale apontar também que, apesar de principais, as flores e os morangos não são os únicos atrativos. A festividade conta também com shows culturais, pavilhão de exposições e obras artísticas de talentos da região.
O adiamento, principalmente por ser o segundo consecutivo, tem afetado significativamente alguns dos envolvidos. É o que afirma Gustavo Keita, estudante de 20 anos, que se apresentava no grupo de Taiko durante as edições do evento. “Sentimos falta porque é muita correria, muita coisa para se fazer entre os professores e integrantes, mas vale cada pingo de esforço que nós aplicamos nas apresentações. É uma forma de transmitirmos nossa cultura japonesa para o público também, e com os adiamentos, nosso espaço de expressão diminuiu bastante”, aponta Gustavo. Taiko é um dos grandes atrativos da festa. De acordo com o site Nipo Jundiaí, a palavra serve para designar o instrumento de percussão japonês assim como a arte de tocá-lo. No geral, a cultura japonesa tem grande peso sobre as atratividades de todo o evento, estando muito presente também na gastronomia, com diversos pratos típicos e diversificados.
Por essa razão, o ocorrido afetou também a economia da cidade, como explica Marcio Hiranaka, gerente da Associação Hortolândia de Atibaia. “O setor do turismo, como hotéis, comércios, mercados e restaurantes foram bastantes impactados pela não realização do evento, pois muitos dos turistas que passam pela Festa de Flores e Morangos se hospedam no município, usando o serviço de hotelaria e usufruindo também de outras opções turísticas da cidade, fato que contribui com o prestígio do comercio local. Outra situação que Hiranaka ressalta é o impacto na geração de empregos. “Muitos expositores contratam mão de obra do município, como também a nossa própria organização que contrata pessoas para auxiliarem em toda a realização da festa.”
Mesmo com o pesar do ocorrido, os envolvidos reconhecem que a decisão tomada foi a melhor, visto que devido a presente pandemia do Covid-19, o cenário ainda não se mostra propício para a 40ª edição da festa. Agora, as expectativas estão no ano de 2022, que, devido ao avanço da imunização através da vacina, traz a esperança de um ambiente mais seguro. “Em 2022, queremos muito comemorar este momento de reencontro com todos e receber todo o nosso público com muito amor, muita alegria e esperança”, finaliza Márcio, gerente da Associação.
Horácio Sato, morador do município há 20 anos, é um exemplo de como o evento faz parte da vida dos habitantes da região. Ele é dono de um comércio de água da cidade de Atibaia e, algumas vezes, até fornecia seus produtos para os envolvidos da festa. “É um marco para Atibaia, um dos eventos mais esperados da região. Sempre com uma enorme variedade e os melhores morangos da época.” Os melhores morangos, como aponta Horácio, se dão porque os produtores sempre oferecem frutas recentemente colhidas, com espécies como Albion, San Andreas e Camarosa.
Outra área que não fica para trás são as flores. Dados da Secretária de Agricultura do estado de São Paulo apontam aproximadamente 400 a 500 produtores no município, um percentual de 11% em relação ao país. A festa, como o próprio nome aponta, é favorável ao comércio. “A festa com certeza ajuda na divulgação das flores e plantas produzidas na região, já que muitos visitantes vêm de outros estados, além da parte financeira, por causa das vendas durante os dias do evento” , afirma KarinaSakata, secretária da Pró-Flor – Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais de Atibaia. A Associação juntamente à Prefeitura busca maneiras de amenizar os prejuízos decorrentes da ausência do evento. “Nestes dois anos deixamos de arrecadar fundos, oportunidades de mais divulgação; mas, desde o ano passado, juntamente com a Prefeitura de Atibaia, organizamos todo sábado uma feira de flores e plantas para ajudar os produtores que no início da pandemia não tinham onde vender seus produtos. Hoje se tornou uma feira permanente.”
Tendo sua primeira edição no ano de 1968, a atual festa das flores e do morango de Atibaia era conhecida por “feira agrícola’. O evento de maior destaque na cidade surgiu como uma comemoração pelos 300 anos do município, contando em sua maioria com famílias orientais que possuíam como maior fonte de renda a agricultura. Atualmente, ocorre todo mês de setembro, durante os 3 primeiros finais de semana consecutivos, no parque Edmundo Zanoni, ponto turístico muito conhecido pelos moradores da cidade.
Orientação: Profª Amanda Artiolli
Edição: Caroline Adrielli
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