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Psicóloga observa aumento de casos com presença de sintomas de fobia social, ansiedade, depressão e baixa motivação
Por: Geovana de CaresZanaki
Após quase um ano e meio isolados em casa, com menos contato físico com pessoas e em uma bolha de convívio social diária,restringidaa família e a amigosde modo virtual, por conta da pandemia do Coronavírus, alunos apresentam sintomas de fobia social diante do retorno híbrido das aulas presencias.Eliane Lopes(44), mãe de Larissa (13), estudante da escola AttilioDextro de Santa Bárbara d’Oeste, relata que a filha preferiu seguir com as aulas remotas,pois observou os impactos causados pelo isolamento social no comportamento dela. “Ela começou a ter ansiedade e ataque do pânico, o que nos deixou muito preocupados”, contou.
A diretora da escola estadual integral Elisabeth SteagallPirtouscheg, Milena Duarte, também situada em Santa Bárbara d’Oeste, afirma que na instituição de ensino há tanto casos de alunos que estavam animados com o retorno, como casos de alunos ainda receosospela pandemia, por não estarem 100% imunizados e por distúrbios psicológicos, adquiridos durante o isolamento social e no retorno híbrido das aulas. Segundo Milena, no período de planejamento para o retorno foram considerados possíveis casos de alunos receosos com o retorno e com a interação coletiva em classe. Ela afirma que foram feitos formulários destinados aos pais para saber quantos alunos queriam voltar, quantos não queriam e quantos tinham medo e por meio dessa busca ativa foi levantado que, de cerca de 350 alunos da escola, 52 optaram pelo ensino remoto e desse número, há três casos de alunos com transtornos psicológicos, um com o diagnóstico de fobia social, já em tratamentoe outro caso com síndrome do pânico.
A escola realizou um acolhimento para os alunos e vários outros projetos, como o programa do Estado, Psicólogos na Educação, no qual a escola é comtemplada e tem o direito a algumas horas mensais, segundo a diretora. A equipe gestora encaminha à psicóloga do programa questões observadas pela equipe e angústias levantadas pelos próprios alunos e a psicóloga realiza palestras remotas com eles, onde essas questões são discutidas.
Durante o período de isolamento social, quando ainda não havia vacinas e o país estava no ápice da curva de contágio, muitas pessoas adquiriram medo de sair de casa, de contaminar a si e a família, porém, com o atual retorno das aulas presencias e com a abertura do comércio, há casos de pessoas que permanecem apresentando esses medos com muita intensidade e por isso evitam sair de casa. Esse fenômeno é explicado pelo termo Síndrome da Gaiola, cunhado na pandemia,pelo psiquiatra da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria, Gabriel Lopes. A psicóloga Fernandade Souza, especialista em analítico comportamental, aponta que, esse fenômeno se caracteriza pelo comportamento de esquiva de sair de casa, que ocorre quando a pessoa ignora os estímulos do mundo externo e se apoia no modelo virtual e é observado em pessoas que sentem medo constante de se contaminar com o vírus, de sair na rua, em pessoas que já apresentavam sintomas de ansiedade precedentes e que se habituaram em ficar em casa. “Elas sentem que o ambiente caseiro é seguro e, além dele, podem surgir dificuldades das quais não se sentem confiantes para lidar”, disse.Fernanda acrescenta que a fobia social ocorre quando a pessoa apresenta medo elevado e persistente de ser exposto a situações sociais, medo do julgamento alheio e de passar por situações que considera humilhantes ao ponto de poder desenvolver interpretações distorcidas das ações das pessoas. Segundo ela a síndrome da gaiola, somada a fobia social podem gerar prejuízos para a vida da pessoa que por elas são acometidas, pois dificultam o convívio social sadio e o engajamento em atividades importantes para o desenvolvimento humano.
Para a psicóloga Fernanda, as consequências adversas das ações de combate a pandemia e manutenção da vida, como diminuição do convívio social e das atividades possíveis de serem executadas na rotina, com o medo de adoecer, morrer ou de perder pessoas queridas,somado as dificuldades financeiras, o desemprego e o convívio intensificado com as mesmas pessoas diariamente, às vezes, as quais haviam conflitos, contribuíram para o agravamento de transtornos psíquicos preexistentes. Fernanda salienta a importância de as escolas investirem em acolhimentos aos alunos, de reconhecer que cada um pode ter passado pelo período pandêmico de modo diferente, de proporcionar o sentimento de segurança a eles, tanto quanto ao contágio, como quanto ao convívio social, e de considerar, que o modo com o qual as escolas funcionavam antes da Pandemia, pode não funcionar, imediatamente, no retorno. “É sempre positivo quando instituições de ensino/aprendizagem têm um olhar humanizado e aguçado para detectar quando o aluno precisa de outro tipo de atenção que não apenas o didático, pois elas podem incentivá-lo a procurar profissionais e/ou serviços de saúde que possam ajudá-lo”, reforçou.
Orientação: Profª Amanda Artiolli
Edição: Caroline Adrielli
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