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No Dia do Rádio, Vera e Leonardo explicam paixão pelo veículo prestes a comemorar 100 anos
Por Fernanda Machado e Vitória Gomes
“Será preciso chamar a atenção do público jovem com playlists personalizadas, patrocínios de eventos e parcerias com plataformas de streaming”, disse a professora da Faculdade de Publicidade e Propaganda da PUC-Campinas, Silzete Moreira, a propósito da comemoração, neste sábado (25), do Dia Nacional do Rádio – que completa 100 anos em 2022. Durante o longo período em atividade, o meio de comunicação se adaptou aos formatos de transmissões e linguagem para melhor atender ao perfil do ouvinte moderno.
De acordo com o estudo Inside Radio 2020, realizado pela Kantar Ibope Media, 78% dos brasileiros ouvem rádio e o tempo médio consumido por dia na região Sudeste chega a 4 horas e 45 minutos, sendo a cidade de Campinas responsável por 72% dos ouvintes. O fato de o rádio ser um meio democrático, trazer praticidade e permitir uma maior interação do público nas programações, contribui para que o meio atinja perfis variados. A pesquisa do referido ano indica que 78% ouvem rádio em casa, 18% no carro e 3% no trabalho.
Ainda que as plataformas de streaming sejam as novas tendências de áudio no Brasil, há quem seja adepto ao tradicional aparelho de rádio, como é o caso de Vera Chiminazzo, 63 anos, que herdou a paixão da mãe. “Como a TV só chegou na minha casa por volta de 1965, desde criança eu acompanhava as programações do rádio com a minha mãe”, explicou ao lembrar que a família tinha aparelhos enormes com válvulas. Hoje, ela tem um rádio portátil que é seu companheiro pelos cômodos da casa.
Graduada em Letras pela PUC-Campinas, e atualmente assistente administrativa em uma empresa de fibra óptica, Vera é ouvinte fiel da Rádio Central AM Campinas – no ar desde 1980. Participativa no WhatsApp, ela interage com os jornalistas e tem algumas histórias envolvendo a emissora. A mais marcante – segundo ela – ocorreu quando foi sorteada com uma camisa do São Paulo autografada pelos jogadores. “Era aniversário do meu filho, que é são-paulino, e o time vinha jogar aqui em Campinas contra a Ponte Preta. Eu ganhei o sorteio e pude presenteá-lo”.
Mas se engana quem acha que apenas o público mais velho tem no rádio um companheiro fiel. O primeiro contato com o rádio do bacharel em Direito pelo Mackenzie, Leonardo Gomes, foi aos 8 anos, por meio do avô, que o levava para os jogos da Ponte Preta. “Mesmo estando ao vivo, no estádio, ele gostava de ouvir a narração e os comentários”, disse. Desde então, Leonardo despertou cada vez mais o interesse pelo veículo que, de acordo com ele, “traz uma emoção diferente”.
Aos 25 anos, o jovem não só acompanha partidas de futebol, mas também noticiários e músicas. “Ouço todos os dias, por um rádio relógio, quando estou em casa. É a primeira coisa que faço quando acordo. Mas também tenho o hábito de ouvir dentro do carro, enquanto faço o trajeto para o trabalho. Gosto de me atualizar sobre o que acontece no mundo”.
Vera e Leonardo estão inseridos nos 81% consumidores por aparelho radiofônico – que inclui o rádio do carro. No entanto, com base no estudo da Kantar Ibope 2020, o impulsionamento do meio digital mostra que 23% dos ouvintes utilizam o smartphone.
Segundo a Kantar Ibope Media, o rádio contava em 2016 com cerca de 3% de seu consumo via internet. Cinco anos depois, o percentual subiu para 13%. A professora Silzete Moreira, que é sócia-proprietária da Sim Media Comunicação – empresa especializada em representação de mídia – explica que a pandemia acelerou mais os hábitos de consumo de áudio, “mas as novas gerações já vinham se engajando cada vez mais em gerar conteúdos personificados e interativos”.
Mestre em Comunicação e Mercado pela Fundação Cásper Líbero, Silzete afirmou que os novos formatos de áudio na internet não atrapalham a audiência das emissoras de rádio. Para ela, “o público que é fiel a esse meio de comunicação continua consumindo as programações independentemente da plataforma disponibilizada, seja no próprio aparelho, no carro ou no smartphone”.
O estudante de moda Bruno Ferreira, 22 anos, é um dos ouvintes que migrou do aparelho físico de rádio para a internet. Ele tinha o hábito de escutar rap e os jogos do Corinthians com o pai, mas hoje, sem a presença paterna, ele prefere acompanhar as programações virtualmente. “O sinal e a qualidade do áudio são muito melhores”, afirmou. O corintiano Bruno conta que dá preferência ao rádio pela surpresa de encontrar novas músicas e notícias instantâneas.
Orientação: Prof. Ivete Cardoso Roldão
Edição: Fernanda Almeida
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