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Mesmo com bons resultados do “Agosto Dourado”, o estoque permanece insuficiente
Por Isabela Cassólla e Lara Costa
Bancos de Leite da Região Metropolitana de Campinas, que esperavam encontrar recuperação no estoque durante a campanha “Agosto Dourado”, que aconteceu ao longo do último mês, com o tema “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”, ainda não atingiram o número ideal de leite materno. A longo prazo, a queda nas doações pode significar um volume insuficiente para suprir as necessidades de bebês e lactantes.
A explicação para esse cenário se dá, segundo a pediatra Dra. Tereza Mathiazzi, representante do Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade de Campinas, pelas mudanças no perfil das doadoras e, consequentemente, no volume de leite estocado. Ela explica que quando foi decretada a quarentena, as mães passaram a ficar em casa e as doações aumentaram.
Em maio do ano passado, segundo relatório divulgado pela Fiocruz, o Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade de Campinas registrou 208,2 litros coletados. O que é considerado um balanço positivo, dado o fato que são necessários 200 litros para suprir as necessidades dos 62 leitos de UTI.
No mês de agosto do mesmo ano, foram registrados 244,1 litros de leite materno no estoque, contudo, a pediatra enfatiza que esse cenário durou pouco tempo, visto que em dezembro do mesmo ano as doações passaram a diminuir. Este ano, em abril, o Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade chegou ao nível mais crítico registrado durante a pandemia, com apenas 139 litros em estoque.
Para suprir essa defasagem, a organização adotou a técnica de buscar as doações nos domicílios das lactantes. Apesar da dificuldade com o transporte, que é alugado e circula apenas em Campinas, a representante da organização almeja uma recuperação agora com o encerramento da campanha do “Agosto Dourado”.
“Já que não podemos realizar palestras, promovemos campanhas por meio de cartazes e vídeos nas redes sociais, visando conscientizar toda a família a respeito da importância da amamentação”, diz a representante do Hospital Maternidade de Campinas. Ela ainda menciona o fato de que este ano o Banco de Leite recebeu inúmeras doações para serem usadas como brindes, distribuídos às lactantes que participam da campanha de aleitamento materno.
Mensalmente nascem, em média, no Hospital Maternidade de Campinas, cerca de 750 bebês, dos quais 60% são atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Hoje, são cerca de 49 doadoras cadastradas e 166,9 litros em estoque. “O aleitamento materno é a forma mais natural e segura de alimentar a criança no início da vida. A criança amamentada pela mãe apresenta menor incidência de infecções, menor tempo de hospitalização e menor ocorrência de reinternações”, explica Dra. Tereza Mathiazzi.
Anelise Lusvargui da Silva, relata que precisou do banco de leite logo quando seu filho nasceu. “Ele veio prematuro e ficou 15 dias na UTI, pois não conseguia respirar sozinho. Logo no início, não tive leite suficiente”, relembra a técnica em enfermagem. Ela pondera que o auxílio do banco de leite foi imprescindível não só nos momentos em que seu filho precisou de doação, mas também nas orientações quanto a maneira de lidar com as dores pós Cesária e prosseguir com a estocagem do leite.
“Depois que o meu leite desceu, pude alimentar meu filho e doar para outros recém-nascidos que precisavam do mesmo recurso”, conta Anelise. Ainda, segundo ela, ser acompanhada pelo banco de leite foi imprescindível para recuperação da imunidade do filho e também para lidar com a depressão pós-parto.
A neonatologista Dra. Mônica Pessoto, coordenadora do Banco de Leite Humano do CISM da Unicamp, afirma que, apesar da organização não depender das doações, às campanhas influenciam de maneira positiva o envolvimento da família no processo de amamentação. “Trabalhamos estocando o excedente das nossas internas, que contribuem com uma média de 100 litros de leite por mês. Antes da pandemia fazíamos eventos coletivos, hoje em dia fazemos orientações individuais para que as lactantes entendam a importância da amamentação desde o pré-natal até o pós-parto” relata a neonatologista.
Para a advogada Kátia Roberta Cavallaro, o auxílio do banco de leite foi importante para lidar com as questões práticas da amamentação. “Procurei ajuda do Banco de Leite Humano de Itapira dois dias depois do meu parto, porque eu precisava saber se a ‘pega’ estava correta, se meu leite havia descido… eu tinha muitas dúvidas!” relembra ela.
Ela relata que passou três horas junto ao filho, marido e a equipe do banco de leite sendo orientada sobre a pinça e a pega. “O leite materno é riquíssimo, é o melhor alimento para qualquer bebê. Se eu tenho esse rico alimento gratuito saindo do meu corpo, por que não fazer a doação?” reforça Kátia.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Marcela Peixoto
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