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Estudante conta como sobreviveu a um incêndio e quais consequências passou a enfrentar em seu cotidiano
Por: João Vitor Bueno
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) pode ser desenvolvido por pessoas que passaram por um evento considerado traumático, como a violência doméstica, algum tipo de abuso, um acidente, alguma lesão etc. Geralmente envolve situações que colocam em risco a vida da vítima ou de algum conhecido dela.
Recentemente, a imprensa tem noticiado com frequência alguns casos dessa natureza, em que as pessoas têm tendência a desenvolver esse tipo de transtorno. O caso mais recente noticiado ocorreu no dia 3 deste mês, quando um adolescente de 15 anos matou o próprio pai em uma situação de legítima defesa. Outro caso envolvendo uma situação traumática ocorreu em abril deste ano, com a estudante de medicina Maria Júlia de Lima Gonçalves, de 27 anos, que sobreviveu a um incêndio, na cidade de Campinas. A estudante contou como foi resistir às chamas no 4º andar do prédio onde morava.
“Eu terminei de estudar era 23 horas e fui dormir. Acordei por volta das 2 horas meio atordoada e sentindo cheiro de fumaça. Quando abri a porta as labaredas de fogo já estavam muito altas e impedindo minha passagem. Eu fechei a porta, abri a janela e comecei a gritar por socorro. O porteiro me viu pedindo por socorro, os vizinhos acordaram e me ajudaram a chamar atenção e eu pedia muito por socorro dizendo que minhas costas estavam queimando. Eu não tinha passagem pelo fogo, só pensava que ia ter que pular do 4º andar ou que ia acabar ali mesmo. Então, um vigia do prédio subiu, arrombou a porta e uma rajada de calor veio na minha direção. Então, um corredor de ar se abriu para que eu pudesse passar e sair do meu apartamento”, relatou a futura médica.
Segunda a psicóloga Jaqueline Silva que está se especializando em mentoria para intervenção aos sofrimentos extremos, durante o evento presenciado pela vítima, ela passa a desenvolver os primeiros sintomas do TEPT: lembranças intrusivas, pesadelos traumáticos, sofrimento psíquico, reatividade fisiológica, insônia, irritabilidade, dificuldade em concentrar-se, hiper vigilância, restrição da expressão afetiva. Após o evento, o cotidiano da pessoa é afetado em atividades básicas como dormir ou concentrar numa tarefa e deixar de fazer atividades que fazia anteriormente.
Maria Júlia conta que hoje em dia tem dificuldades para dormir, acorda no meio da noite e começa a reviver o incidente, sente o cheiro de fumaça, ouve coisas quebrando e tem a visão prejudicada. Ela também conta que sente medo ao ver fogo. “Quando eu acordo assustada, eu acendo a luz, olho em volta e vejo que está tudo bem e fico repetindo para mim mesma que está tudo bem”.
O tratamento para esse transtorno, “na maior parte dos casos é iniciado com sessões de psicoterapia, nas quais o psicólogo, através de conversas e escuta empática, ajuda a descobrir e superar os medos desenvolvidos durante o evento traumático. Porém, pode ainda ser necessário recorrer a um psiquiatra para iniciar o uso de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos, por exemplo, que colaboram a aliviar os sintomas de medo, ansiedade e raiva durante o tratamento, colaborando à psicoterapia”, explica a psicóloga.
A estudante conta que sua família e amigos foram muito importantes em sua recuperação dando todo suporte e apoio necessário. A psicóloga comenta que as pessoas próximas devem atuar oferecendo escuta e acolhendo, promovendo o diálogo e direcionando e/ou garantindo o acompanhamento aos profissionais capacitados.
“O conselho que eu daria para quem está passando por isso é: Se cuida, se apoia nas pessoas que te amam e que estão dispostas a te ajudar, isso vai passar, independente do que for, é difícil, demora, o começo é assustador, procure ajuda profissional”, conclui Maria Júlia
Orientação: Profª. Amanda Artiolli
Edição: Bruno Leoni
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