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A luta teve início com a organização dos estudantes para conseguir moradia estudantil
Por Otoniel Bueno
O movimento TABA comemora seu 35º aniversário este ano e é considerada uma das mais importantes mobilizações organizadas na história da Unicamp, localizada em Barão Geraldo, em Campinas. O nome TABA é em referência a tabas indígenas que eram caracterizadas por uma cultura de coletividade. Esse movimento realizado por alunos da universidade teve como principal objetivo negociações com a reitoria para aprovar o projeto de construção moradia estudantil, tendo em vista a necessidade de muitos estudantes de graduação e pós-graduação, que moravam distante da Universidade.
Para Ana Fernandes Alves, especialista em lutas sociais pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o ativismo na universidade é o principal meio para lutar por aquilo que é considerado um problema coletivo e relevante. Para a especialista, por menor que seja a causa, se isso gerar impacto no meio social, é válida a luta. “E caso não tivesse ocorrido à manifestação há 35 anos, é questionável se existiria a moradia hoje em dia, ou quantos anos depois ia demorar pra aprovar o início das obras”, acredita.
Um símbolo dessa resistência e perseverança do movimento é o ex-aluno e Artista Plástico, Acácio Pereira, que foi um dos principais integrantes da luta pró-moradia para os estudantes da Unicamp em 1986. Pereira, explica que por meio de uma mobilização de aproximadamente 50 alunos decidiram acampar no pátio da universidade como forma de conseguir um ambiente decente para os estudantes morarem. “Boa parte desses alunos acaba vinda de outras cidades e muito das vezes de outros estados, enfrentando desafios de onde morar”, relembra o ex-aluno.
O ex-estudante diz que foram muitos desafios enfrentados no processo, até chegar à conquista final. “Eram 50 pessoas morando num lugar que só tinham dois banheiros, com dois chuveiros, imagina a fila do banheiro pra tomar banho e de manhã para escovar os dentes, explica.
Além de a organização coletiva ter sido muito importante nessa luta, ele conta que muitas reuniões foram necessárias pra discutir assuntos relativos ao dia-a-dia da ocupação com o movimento estudantil, e confessa que muitas das vezes se questionavam sobre se valia ou não todo aquele esforço, de ficar acampados sem previsão de quando daria certo. E após dois anos de permanência no pátio, a reitoria autorizou a dar início às obras e ainda alugou umas casas para os alunos morarem até ser entregue a moradia oficial.
Depois de vivenciar e liderar a experiência do movimento TABA, Pereira apoia até hoje o poder do ativismo e acredita ser a única forma de conquista. “Os políticos não fazem sua parte nem cobrando deles, se não cobrar então não acontece nada. Se não tivesse existido esse movimento talvez hoje ainda não existisse a moradia dos estudantes”, afirma.
Por outro lado, a luta para os atuais alunos da universidade que usufrui do local, ainda continua. O movimento Moras da Unicamp é formado por alunos que lutam pela qualidade das vivências da moradia estudantil e cumpre um papel fundamental para a permanência de muitas pessoas.
Segundo um estudante que preferiu não se identificar, que está morando há três anos na moradia, eles têm se deparado com problemas de infraestrutura no prédio, e chamam a atenção da instituição. “É necessário uma revitalização, já enfrentamos problemas com falta de energia elétrica, com goteiras quando chove, e sem falar que precisa ter mais vagas, por conta da escassez, sabemos que mais gente precisa”, afirma.
Os debates pela reforma da moradia voltam a acontecer, só que desta vez por meio da internet. Os atuais alunos estão sendo convocados pelo facebook para participar da assembleia da Moradia-Permanência Estudantil para, coletivamente, debaterem planos de luta para o próximo período.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Letícia Almeida
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