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Marcos Pontes, em Campinas, ouve explicações da biofísica Ana Carolina Zeri sobre acelerador de partículas
Por Oscar Nucci
Nos textos postados no chat da transmissão, um embate entre bolsonaristas e não bolsonaristas, em meio a mais de 1.500 participantes virtuais, marcou ontem a visita do ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, ao acelerador de partículas Sirius, um dos maiores do mundo, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Barão Geraldo. Não faltaram elogios entre os primeiros, nem o uso de expressões como negacionismo e ignorância entre os contrários ao governo.
Os apoiadores de Bolsonaro, na visitação virtual destinada a jovens do ensino médio, elogiaram no chat a construção do acelerador, como se fosse obra do atual governo. No entanto, o projeto do Sirius foi aprovado na gestão de Lula e sua construção começou em 2012, no governo de Dilma Rousseff. A construção do acelerador foi exaltada como um grande feito do país pelo próprio ministro Pontes, ao afirmar que “mais de 80% foi construído com tecnologia nacional, gerando emprego no Brasil, riquezas para o Brasil”.
A coordenadora e responsável pela construção e operação da linha Manacá do Sirius, onde através do Raio X emitido pelas partículas aceleradas pode-se analisar microscopicamente moléculas como proteínas, a biofísica Ana Carolina Zeri explicou que a linha tem ajudado no combate ao coronavírus. Através de análises de enzimas e proteínas do vírus que causa a Covid-19, é possível descobrir quais anticorpos ou moléculas são necessários para produzir vacinas e medicamentos efetivos contra a doença, disse.
Ainda em relação ao combate do novo coronavírus, o ministro Pontes citou a pesquisa feita em torno do medicamento Nitazoxanida que, em pesquisas junto a outros dois mil medicamentos na linha Manacá do Sirius, comprovou ser eficiente na redução dos sintomas da doença que já matou mais de 430 mil brasileiros.
O ministro anunciou uma parceria com a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN. Segundo Marcos Pontes, o convite para o Brasil estar na organização foi feito há dez anos, tendo sido agora tirado “da gaveta”. De acordo com o ministro, essa parceria permitirá a empresas brasileiras venderem equipamentos para a instituição europeia, podendo haver troca de materiais e conhecimento entre os pesquisadores do CERN e os brasileiros.
Com o anúncio da participação do Brasil como membro associado da CERN, Pontes também apontou a oportunidade de acadêmicos participarem de empresas de tecnologia que seriam beneficiadas com a parceria do país com a organização europeia. “Nós precisamos de mais mestres e doutores no setor privado do Brasil”, comentou o ministro.
Além de incentivar a formação de mestres e doutores, Marcos Pontes também procurou incentivar a formação de alunos no ensino técnico, que possam buscar oportunidades nessa área, incluindo a própria CNPEM, que possui estágios para escola técnica. “É importante incentivar este ensino técnico no país”, comentou o ministro. Ele ainda contou que, quando jovem, cursou quatro formações técnicas que o ajudaram a se manter e evitar gastos familiares. “Eu tinha que me virar”, complementou Marcos Pontes.
Os diálogos travados no chat da transmissão indicaram que participaram do evento alunos de diversos Estados do país. A transmissão da visita, no canal do CNPEM no Youtube, foi feita com uma câmera e um microfone que eram levados por dois funcionários ao longo de toda a circulação dos participantes do evento.
Aqui, acesso à visitação às dependências do acelerador Sirius.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Letícia Franco
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