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Jovens perdem conquistas dos pais, diz economista

Mauricio Mulinari, do Dieese, afirma ser reflexo da passividade dos sindicatos e do individualismo                                                                                                                     

O economista Mulinari: “o sindicato precisa voltar a ter o caráter de enfrentamento” (Imagem: Youtube)

Por: Bianca Velloso

A implantação do dispositivo trabalhista que legaliza o chamado “microempreendedor individual” (MEI) levou à perda de direitos fundamentais dos trabalhadores, como a extinção das férias e do décimo terceiro salário, além do consagrado descanso semanal remunerado. Com isso, o mercado de trabalho está ficando cada vez mais focado no individualismo e desprotegido de um arcabouço legal que existe há mais de 60 anos, informou o economista Maurício Mulinari, para quem os jovens de hoje estão perdendo os direitos conquistados pelas gerações anteriores.

“A geração que lutou nas décadas de 70 e 80 era muito combativa, mas já não estão mais lutando. Agora é a vez dos jovens, que por sua vez estão recebendo salários muito menores e perdendo direitos sociais”, afirmou o nesta quinta-feira, 22, o pesquisador do Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, em palestra ao Movimento Caravana da Educação, no Youtube.

Mulinari apontou que o enfraquecimento dos sindicatos de trabalhadores é um fator que impulsiona a desregulamentação do trabalho, uma vez que essas instituições têm a função de organizar e lutar pelos direitos básicos dos assalariados que representam. Segundo ele, isso aconteceu quando os sindicatos abandonaram os ideais revolucionários com o objetivo de se encaixarem no mundo moderno. “Os sindicatos passaram a mediar a negociação do mal menor, o que promoveu um rebaixamento das condições de trabalho”, disse.

De acordo com Mauricio Mulinari, o avanço da tecnologia também contribuiu para implementar a desestruturação das leis do trabalho pelo fato de ter facilitado a não existência do vínculo patrão/empregado, que passou a ser comandado via plataformas globais. O exemplo mais emblemático seriam os trabalhadores que operam por aplicativos.

“Se, de um lado temos a tecnologia, do outro temos o desarmamento ideológico que o sindicalismo sofreu, justamente para se adequar à modernidade, deixando de ser combativo”, ressaltou.

O economista do Diesse afirmou ainda que a lógica das plataformas digitais – a de estimular o trabalho de modo autônomo – impulsiona o individualismo, o que desarticula as negociações coletivas. De acordo com ele, para combater e reverter essa situação seria necessário unir e organizar toda a classe trabalhadora, que hoje está mais centralizada devido à própria migração dos trabalhadores para as plataformas prestadoras de serviço.

“Pode até parecer contraditório, mas hoje está mais fácil organizar, já que o trabalho está mais centralizado, mas o sindicato precisa voltar a ter o caráter de enfrentamento”, defendeu.

Aqui, acesso ao debate com o economista do Dieese                                                     

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Oscar Nucci 


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