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Pandemia impõe máscara à Paixão de Cristo

Vitor Manzoli, em Jaguariúna, à frente de elenco em produção exibida no Facebook                             

O sofrimento na cruz teve efeitos sonoros e visuais, como relâmpagos inseridos em pós-produção (Imagem: Facebook)

Por Oscar Nucci

Pela primeira vez, a tradicional encenação da Paixão de Cristo, uniu esforços dos municípios de Jaguariúna e Pedreira, foi gravada previamente devido à pandemia e transmitida pelo Facebook e pela TV Regional, nesta Sexta-Feira Santa. A produção, organizada pela Escola das Artes de Jaguariúna, contou com direção de Victor Manzoli e Richardson Clara, e elenco que reuniu 46 atores, todos usando em cena proteção de acrílico no lugar das máscaras de tecido.

Em entrevista para o Digitais, o diretor Richardson comentou que os últimos dias de gravações causaram um certo medo nos envolvidos, já que o estado de São Paulo vivia a transição da fase vermelha para a fase roxa do Plano São Paulo de contenção da Covid-19. “Tínhamos feito um cronograma de gravações que ia até às dez horas da noite, e de repente não podia mais”, comentou o diretor.

Com os apóstolos, a cerimônia do Lava-pés, que antecede à Última Ceia (Imagem: Facebook)

A produção respeitou todos os protocolos de segurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Media-se a temperatura dos atores antes de entrarem no teatro onde foram feitas as gravações, reforçavam o uso de álcool em gel nas mãos após as cenas em que se tocavam e usavam máscaras de pano após terminarem as cenas gravadas por quatro câmeras fixas. Além dos cuidados tomados na parte presencial da produção, toda a seleção de atores e as passagens de roteiro feitas por Richardson ocorreram de forma virtual.

Todas estas normas de proteção e cuidados por conta da pandemia trouxeram aprendizados para os diretores da produção, disse Vitor Manzoli, diretor que também atuou como Jesus Cristo. “O que levamos de aprendizado é que tem como fazer teatro na pandemia, dá para criar na pandemia”, reforçou o colega Richardson.

As expectativas dos dois diretores para a Paixão de Cristo, que teve 4,7 mil visualizações no Facebook e comentários positivos deixados durante o evento online, eram grandes. Quando perguntado, na entrevista concedida na véspera da apresentação, sobre o que o público poderia esperar, o roteirista respondeu: “Emoção e fé”.

Na crucificação, sobressaem os efeitos de maquiagem para imprimir realismo (Imagem: Facebook)

Neste ano, além do formato, que deixou de ser ao vivo em função da pandemia, a Paixão de Cristo contou com a junção de forças das duas cidades. A secretária da Cultura de Jaguariúna, Graça Albaran, e João Nascimento, secretário de cultura de Pedreira, já haviam trabalhado juntos em outras produções. Neste ano, decidiram juntar esforços para a realização deste evento simbólico para o cristianismo. “Conversaram e tiveram a ideia de fazer a Paixão de Cristo unindo as duas cidades justamente para mostrar que nesse momento precisamos ter união”, comentou o ator e diretor Vitor Manzoli.

Para o roteiro da peça, Richardson já tinha um texto do ano passado sobre a passagem bíblica, que seria contar o episódio sob o ponto de vista das Marias. Porém, o roteiro não era feito para uma produção dentro de um teatro. Após se reunir com o outro diretor e assistirem a uma produção teatral americana, também gravada, chamada “Jesus”, decidiram fazer as adaptações naquele primeiro texto.

A história abordada na Paixão de Cristo – ao que observaram os diretores – é uma mensagem universal que precisa ser ouvida, principalmente agora, quando a pandemia da Covid-19 apresenta média diária de mais de três mil mortos. “Nós precisamos estar unidos e ter amor com o próximo para superar essa tragédia”, disse Vitor Manzoli.

Maria e o filho Jesus, na apresentação que contou com 46 atores de Jaguariúna e Pedreira (Imagem: Youtube)

Um dos pontos fortes da produção foi a maquiagem, feita seguindo à risca todos os protocolos de segurança. A missão ficou a cargo de Renan Nascimento, que disse que a sala utilizada foi marcada pelo distanciamento, com uso frequente de álcool em gel e pincéis separados para evitar contaminações. “Precisei me armar de todos os lados para que não tivéssemos nenhum problema, porque acredito que no processo a maquiagem foi a parte mais invasiva, era a parte que o ator estava sem máscara”, disse Renan.

Além do desafio de maquiar 46 atores em meio à pandemia, Renan também interpretou na peça dois personagens diferentes. “Tinha que ser uma maquiagem de palco, mas era também uma maquiagem de filme em função da gravação. Então, precisava ter uma delicadeza para não ficar muito grotesca nas tomadas mais próximas”, comentou.

Manzoli, que além de dirigir fez o papel de Cristo, disse que, por morar em Pedreira e trabalhar em Jaguariúna, decidiu fazer a audição para o papel. Quando estava nos ensaios como ator, era dirigido por Richardson Clara. Na função de direção, cuidava da parte técnica, da cenografia e dos figurinos.

Aqui, link para o espetáculo disponibilizado desde ontem no Facebook

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Letícia Franco


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