Destaque
Estudantes estão se organizando para os exames seletivos, em meio à ansiedade e nervosismo
Por Felipe Bertochi e Rafael Pagliarini
Com a chegada dos vestibulares no final do ano e início do ano que vem, alunos de cursos pré-vestibulares estão estudando à distância, condição imposta pela pandemia da Covid-19. Além desse fator, os alunos têm que lidar também com fatores psicológicos já conhecidos desse período, tais como ansiedade, pressão, nervosismo, entre outros. Porém, esse ano, mais um fator é agregado às dificuldades dessa fase: a incerteza de que a nova forma de estudos será adequada para a aprovação na universidade.
Apesar do vírus ainda estar presente, isso não diminuiu o desejo e a vontade de aprovação na universidade em milhões de estudantes brasileiros. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o INEP, o número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020 é 13,5% maior que o mesmo em 2019. Em números, o total de inscritos no Enem deste ano é de 5.687.271 para a versão impressa da prova e 96.086 para o Enem Digital, que é a novidade para este ano.
Mesmo com a adoção do ensino à distância, os cursos preparatórios para os exames finais sempre buscam confortar e preparar o máximo possível seus alunos. Para o professor de matemática de um curso pré-vestibular em Campinas, Guilherme Batista, uma boa preparação com a realização de listas e exercícios de vestibulares ajuda para o conforto do vestibulando: “Temos um discurso que valoriza o esforço dos alunos no sentido de mostrar que a preparação está sendo feita da melhor forma possível, com resolução de exercícios de vestibulares e listas de exercícios focadas no desejo do aluno”, explica. Batista afirma manter um canal aberto nas aulas on-line, permitindo que aluno fale, tire dúvidas, pergunte e conte suas experiências nos estudos. “Isso é muito legal, tanto para eles como para os professores”, comentou.
A estudante de curso pré-vestibular, Maria Júlia Godoy, está no segundo ano de cursinho e acredita que, apesar de todo o esforço e dedicação com a preparação das provas, é necessário o vestibulando também descansar. “Por conta da pandemia o nervosismo e a ansiedade aumentaram. Para controlá-los, faço terapia on-line, procuro comer melhor e quando possível assistir um filme ou ler algum livro que não seja relacionado à faculdade”, esclarece. Segundo ela, os alunos estão focados no vestibular e precisam desligar, “lembrar que somos humanos e que também devemos descansar e nos distrair”, contou.
Ainda sobre os exames, a estudante revelou preferir a realização da prova presencialmente. “Nunca fui fã de provas on-line. Precisamos depender muito da internet, não são todos os alunos que possuem um computador, tablet ou celular e conseguem ficar seis horas com internet em uma plataforma estável”, reconhece. Para Maria Júlia, realizar o vestibular presencialmente é mais confortável psicologicamente. “Eu prefiro ir pessoalmente fazer a prova”, defendeu.
Diferente da realidade como a de professores e alunos de cursinhos particulares, há também alunos com dificuldades financeiras que acabam optando por cursos pré-vestibulares gratuitos. Por conta da pandemia e aulas on-line, a evasão desse perfil de aluno aumentou. “A gente não trabalha com trancamento, mas os alunos desistem. Por ser cursinho popular, é muito comum ter evasão”, disse Flávia Angarten, professora de um cursinho gratuito em Campinas.
Segundo ela, a evasão já era comum antes da pandemia, nas aulas presenciais. Com as aulas on-line, por causa da infraestrutura quanto à equipamentos, ficou ainda mais impeditiva a situação desses alunos. “Os alunos passaram a desistir porque os celulares têm internet pré-paga em que, para assistir uma hora de aula, acaba sendo muito difícil manter internet disponível o tempo todo, resultando na evasão”, explicou Flávia Angarten.
Porém, mesmo com a desistência de um curso preparatório para o vestibular, os vestibulandos podem estudar por conta própria. A estudante Giovanna Rabi, que escolheu não se matricular em um cursinho, afirma o quanto está sendo desafiador para ela conseguir colocar os estudos em dia com todas as responsabilidades em sua rotina. “Devido ao fato de que a maioria dos cursinhos pré-vestibulares atualmente está via EAD, e a crise econômica na qual vivemos, preferi estudar em casa”, relata.
A experiência, explicou, está sendo desafiadora pois, além de estudar, ela trabalha e ajuda na administração dos negócios da família. “Esse ano, comecei também um curso técnico de design de interiores, e me divido para fazer o curso, estudar para o vestibular e trabalhar e se tornou algo cansativo”, destacou. Já em relação à possibilidade de realizar os vestibulares de forma on-line, a estudante aprova a ideia. “Eu ainda não me sinto 100% confortável com relação à realização da prova presencial, inclusive prestei alguns vestibulares no meio do ano via on-line, então acredito que optaria pelo mesmo modelo”, diz.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Patrícia Neves
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino