Destaque

Especialista propõe “economia voltada à vida”

Falando para extensionistas, Rafael Brito diz que tecnologia social pode inspirar ferramentas adequadas                                                                                             

Encontro virtual reuniu professores e alunos voluntários envolvidos em 16 projetos de extensão (Imagem: Videoconferência)

 

Por: João Victor Prado

O economista Rafael de Brito Dias, doutor em Política Científica e Tecnológica, defendeu em palestra virtual no 10º Encontro Anual de Extensão Universitária da PUC-Campinas, nesta quinta-feira, 29, que as empresas tradicionais passem por uma radical reformulação de seus valores institucionais. Ele propõe valores mais humanistas, que deveriam se sobrepor ao modelo atual, focado na competitividade e na produtividade, à base da opressão de seus profissionais.

“A gente ainda está engatinhando nas reflexões de como implementar essas mudanças”, disse o professor da Unicamp, reconhecendo a dificuldade de colocar em prática a mudança filosófica na gestão de empresas, tradicionalmente voltada à maximização do lucro nas economias de mercado.

Essa mudança de concepção é apenas uma das pautas tratadas no universo de um ramo de conhecimento agregado na expressão “tecnologia social”, que se refere a quaisquer meios que busquem solucionar problemas sociais, como a falta de acesso à água ou à saúde, por exemplo. Falando aos participantes do evento voltado ao extensionismo acadêmico, Brito Dias ressaltou que os projetos de tecnologia social devem ser construídos em conjunto com as comunidades locais. Caso contrário, não alcançarão as condições ideais para solucionar os problemas de forma duradoura.

Outro benefício de se atuar junto à localidade é que se consegue maior adaptabilidade ao território onde os projetos são implantados, disse o docente. Brito Dias citou como exemplo as regiões com baixo índice pluviométrico do Brasil. “Já não queremos mais combater a seca, aprendemos que é uma guerra impossível de se vencer. O que nós queremos agora é aprender a conviver com ela”, afirmou.

O docente também destacou que não se pode confundir a tecnologia social com formas de assistencialismo. “Tanto a extensão comunitária como a tecnologia social têm que fugir de modelos de intervenção assistencialista. O assistencialismo não permite que a gente transforme as condições de desigualdade e exclusão”, defendeu.

Rafael de Brito Dias: “tem que fugir de modelos de intervenção assistencialista” (Imagem: Videoconferência)

“A principal diferença é que o assistencialismo oferece soluções a curto prazo, mas não consegue quebrar as condições estruturais que geram a desigualdade”, afirmou ao lembrar que, em episódios como a pandemia da Covid-19, o processo de exclusão social é agravado ainda mais.

O docente defendeu a importância de se produzir políticas públicas voltadas para o setor informal da economia, ao qual os conceitos de tecnologia social poderiam ser bem aproveitados em programas de extensão acadêmica. Brito Dias não deixou de focar também os impactos do trabalho em regime de home office provocados pela pandemia. “É até possível que a gente tenha condições de trabalho em casa muito próximas do trabalho presencial no quesito produção. Entretanto, os momentos que tínhamos com a família e os momentos de lazer tendem agora a ser consumidos pelo trabalho com o home office. Isso já vinha acontecendo, de certo modo, com o uso dos smartphones”.

Respondendo a uma pergunta sobre a importância da tecnologia social para as atividades de extensão em uma universidade, o docente ressaltou a importância de programas desta natureza. “A prática extensionista é uma porta de entrada para a pesquisa, e a tecnologia social é um tema que deveria ser abraçado mais fortemente pelas universidades brasileiras”, ponderou, já que o conceito de universidade pressupõe a convivência entre ensino, pesquisa e extensão.

A edição do evento anual organizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, liderada pelo jornalista e professor Rogério Bazi, ocorreu totalmente online, das 9h15 às 18h, e serviu para apresentar os resultados de ações extensionistas desenvolvidas no ano de 2020 por professores e alunos voluntários da PUC-Campinas. Ao todo, foram apresentados 16 projetos, distribuídos em 5 áreas: Direitos Humanos, Cultura e Identidade; Inovação e Empreendedorismo; Observatório PUC-Campinas; Promoção da Saúde; e Sustentabilidade. O maior deles, em número de participantes, foi o projeto “Ações de Eficiência Energética e Sustentabilidade”, que contou com 30 alunos supervisionados pelo professor Francisco de Salles Cintra Gomes.

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Letícia Franco


Veja mais matéria sobre Destaque

Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública


Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo


Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física


Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas


Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica


Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa


Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas


São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas


Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024


Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade


Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata


Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.