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Para a estudante Mariana Soares, o sentimento do primeiro voto é de obrigação
Por: Fernanda Almeida
Com a aproximação das eleições municipais de 2020, muitos jovens vão ter a primeira experiência de exercer o direito ao voto. São 23.797 eleitores entre 16 e 18 anos na Região Metropolitana de Campinas (RMC), sendo 17.215 com 18 anos, segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Para os jovens ouvidos pelo Digitais, o clima é de desânimo: eles veem o cenário político atual do país como desmotivador, apesar de acreditarem na possibilidade de mudança.
A estudante de propaganda e marketing da Facamp Julia Bossi, 18, conta que, quando se trata de política, ela busca manter-se atenta ao que sai na mídia, sobretudo em questões que envolvem a presidência da República, mas não presta muito a atenção às eleições municipais. Ela diz que a maior parte do seu conhecimento político é baseado na opinião de familiares, o que a fez prestar atenção em alguns candidatos que concorrem no atual pleito.
“Não diria que estou animada”, comenta Julia, ao ser questionada sobre a sensação do seu primeiro voto. “Mas fico feliz por sentir que tenho o poder de fazer a diferença.” Ela conta ainda que não escolheu votar com 16 anos, pois não era tão envolvida com política quanto é agora, mas que se arrepende de não participado da última eleição.
Já Lucas Fernandes, 18, que mora em Indaiatuba, se diz animado para o primeiro voto e espera que os candidatos sejam mais sinceros na atual campanha. Ele acredita ainda que o cenário político do país está banalizado, uma vez que as pessoas não acreditam mais nas mudanças. “Isso acaba me incentivando a me envolver com política, pois me vejo na necessidade de tentar mudar o cenário atual, mesmo com um simples voto”, conta o aluno do curso de análise e desenvolvimento de sistemas.
A estudante de 16 anos Roberta Giuga Pinheiro, de Paulínia, resolveu esperar completar a maioridade para tirar o título de eleitor. Ela, que não acompanha notícias sobre política, diz não querer votar agora. Mesmo assim considera importante que outros jovens se interessem pelo tema: “Acredito que o que vivemos hoje faz com que os jovens se interessem mais para fazer uma escolha melhor e mudar a situação atual no futuro”.
Desencanto com o cenário atual
Mariana Dalle Molle da Costa Soares, 18, de Louveira, diz que sua sensação é apenas de obrigação em relação ao voto. Isso, segundo ela, deve-se à falta de incentivo político no país, já que as pessoas não sentem que podem fazer a diferença. “O Brasil não tem uma cultura patriota que instigue os seus habitantes a votar”, diz.
Ela diz ainda que, apesar de ter aprendido bastante sobre política na escola, não se envolve tanto com o tema, mas que está buscando pesquisar sobre os candidatos e ouvir opiniões diversas para se preparar para sua primeira eleição. “Está cada vez mais difícil escolher um candidato.”
Apesar de procurar entender mais sobre política, Luiza Bellintani, 18, conta que precisa melhorar no seu envolvimento com a área, e afirma ter mais afinidade quando o assunto é relacionado ao meio ambiente.
“Não quero começar minha vida de eleitora com o pé esquerdo”, diz Luiza, que confessa não ter começado a se preparar ainda para seu primeiro voto. “Não quero votar em qualquer um, ou apenas em quem meus pais forem votar, por exemplo, sem conhecê-los antes.”
Ela diz que irá fazer a sua escolha baseada em pesquisa de propostas e histórico dos candidatos para formar uma opinião mais sólida sobre eles, mesmo que dê um pouco de trabalho. Assim, ela espera contribuir de uma forma positiva com o seu voto, ajudando a eleger um candidato que desenvolva Valinhos, sua cidade.
Apesar de se sentir desanimada perante a situação do país, principalmente em relação ao presidente, Jair Bolsonaro, e às vezes se questionar se realmente um voto faz a diferença, Luiza diz que esse pensamento tem que ser desconstruído.
“É desmotivador, porque nada muda. Parece que não importa o quão errado a situação está, apesar de uma porção significativa da população tentar apontar esses erros”, afirma Luiza. “Mas acho que realmente temos que lutar contra esse sentimento, porque, se com todo mundo engajado está ruim, imagina com todos desmotivados.”
Orientação: Profa. Juliana Doretto
Edição: Sofia Pontes
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