Cultura e Sociedade
Apesar do avanço da tecnologia e o desinteresse por parte do público, bibliotecas de Campinas mantêm sua relevância
Por Gabriel Leite
Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), o número de leitores no país caiu em 2024. Entre os 5.504 entrevistados pela pesquisa, em 208 municípios, 58% disseram que não leram sequer partes de uma obra nos três meses que antecederam a investigação, seja em livro impresso ou digital.
Apesar deste cenário preocupante, visto que a queda nos índices de leitura podem desencadear outros problemas como dificuldades de interpretação de textos e falta de senso crítico, ainda existem muitas pessoas, mesmo entre os mais jovens, que dedicam tempo ao prazer da leitura. “Eu amo ler e visitar a biblioteca da minha escola e a Biblioteca Zink quando posso. Eu estou sempre no celular e acho que nada pode substituir ter um livro real em suas mãos”, diz Júlia Santos, estudante de 16 anos que frequenta a biblioteca de Campinas. “A leitura me faz ficar longe do celular e me leva para outras realidades, e é fantástico”, ressalta.

A revolução digital viu o surgimento de novas formas de consumo e acesso à informação, com o aumento de e-books, audiolivros e plataformas online de leitura. Contudo, o livro impresso continua a ser um item importante para milhares de pessoas. Dandewara Pereira, coordenadora das bibliotecas municipais de Campinas, observou que a tecnologia é usada para fazer com que as bibliotecas públicas sejam relevantes para todos os membros da comunidade, de qualquer idade. No entanto, confirma que as pessoas buscam uma conexão com o papel, uma qualidade tangível que o mundo digital não tem a capacidade para fornecer.
Campinas tem uma extensa rede de bibliotecas públicas que desempenham um papel importante não apenas no estabelecimento de hábitos de leitura nas pessoas, mas também no acesso à literatura. A Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink é um exemplo de acesso ao público: não é apenas uma grande coleção de livros, mas também locais para eventos e feiras literárias. “Quando era estudante do ensino médio, comecei a vir aqui para estudar e, até agora, já estudante universitário, continuo a frequentar”, disse Pedro Lopes, de 22 anos.

Além de proporcionar gratuitamente o acesso a livros, as bibliotecas públicas de Campinas realizam outras atividades. Por meio de rodas de leitura, oficinas literárias e eventos culturais, os espaços buscam incentivar a comunidade a se interessar pela leitura, promovendo o hábito da leitura que começa na primeira infância e não termina na idade adulta. “Nossas bibliotecas existem para fornecer cultura e conhecimento às pessoas, nós não somente fornecemos uma variedade de livros, como também realizamos várias atividades de reflexão e conversação”, afirma a coordenadora.
Muitas bibliotecas no cenário atual também têm investido em infraestrutura e programas que integram o universo digital ao físico, possibilitando que o público tenha à disposição computadores, internet e bibliotecas virtuais. Mesmo assim, para muitos, o prazer de manusear um livro impresso é incomparável. “Por mais que o impresso tenha perdido terreno, a vontade das pessoas de segurar um livro na mão, sentir o toque das suas folhas, ele não alterou, é certamente muito diferente, pois o impresso tem um valor emocional e simbólico, e isto não se acabará”, ressalta Dandewara.
Com os alarmantes números apresentados na pesquisa, é preciso que as atuais iniciativas de incentivo à leitura se mantenham e muitas outras se estabeleçam, fortalecendo a importância do acesso aos livros, físicos ou digitais, como elementos chave da cultura e do ensino.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Luísa Viana
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