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Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Por Thais Ramalho
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), liderados pelo farmacêutico e bioquímico Roberto Schreiber, estão inovando o tratamento do Alzheimer através da combinação de inteligência artificial (IA) e inovações farmacológicas. Recentes descobertas, incluindo o uso de canabidiol e uma molécula modificada de merluza, prometem novos caminhos para combater esta doença neurodegenerativa, oferecendo esperança a milhões de pacientes e suas famílias.
A inteligência artificial emerge como protagonista nesta revolução científica. “A IA está revolucionando nossa área, acelerando a descoberta de novos compostos e permitindo simulações mais precisas dos efeitos dos medicamentos,” afirma Schreiber, cuja motivação é intensificada pelo fato de sua sogra sofrer de Alzheimer.

Um dos avanços mais promissores vem dos estudos com canabidiol na Unicamp. Os testes realizados com 20 pacientes modelo entre 45 e 80 anos revelam que esta substância não apenas reduz o risco de Alzheimer, mas também estimula a proliferação de células cruciais para a comunicação neural. “O canabidiol mostrou um potencial surpreendente em proteger e regenerar conexões neuronais,” explica Schreiber.
Paralelamente, uma colaboração com o Instituto Butantan resultou na descoberta de uma molécula modificada extraída da merluza. “Esta molécula se provou eficaz em inibir a enzima causadora do Alzheimer e demonstrou segurança em testes com animais,” destaca o pesquisador, sublinhando a importância de abordagens inovadoras no desenvolvimento de novos tratamentos.
A Unicamp tem sido fundamental nestes avanços, proporcionando uma infraestrutura de ponta e um ambiente colaborativo. “Nossa equipe multidisciplinar permite abordar o Alzheimer de ângulos nunca antes explorados,” ressalta Maria Eduarda Albuquerque, pesquisadora da equipe de Roberto Schreiber. Esta abordagem tem sido crucial para os progressos alcançados, especialmente na área de regeneração de células-tronco e no desenvolvimento de vacinas contra doenças neurodegenerativas.
Para Ana Maria Santos, 65 anos, cujo marido foi diagnosticado com Alzheimer há dois anos, essas pesquisas representam um novo horizonte de esperança. “Ver cientistas desenvolvendo tratamentos que podem não apenas frear a doença, mas também recuperar as conexões neurais é como ganhar mais tempo com quem amamos”, emociona-se. Sua família é uma entre as milhares que acompanham de perto o desenvolvimento destes estudos, esperando que as descobertas possam logo se transformar em tratamentos acessíveis.
O pesquisador, que aos 59 anos conta com uma carreira repleta de descobertas inovadoras, vê a luta contra o Alzheimer como o maior desafio da pesquisa farmacêutica atual. “Estamos no limiar de uma nova era no tratamento de doenças neurodegenerativas. A combinação de IA, pesquisa básica e colaborações internacionais nos permite vislumbrar terapias personalizadas e mais eficazes num futuro próximo,” projeta.
A colaboração internacional tem sido vital neste processo. Durante a pandemia de COVID-19, a cooperação entre países, universidades e empresas farmacêuticas demonstrou o poder da união global no enfrentamento de crises de saúde. Esta experiência está sendo aplicada agora na luta contra o Alzheimer.
Schreiber enfatiza a importância do equilíbrio entre a pesquisa acadêmica e as necessidades do mercado. “É crucial garantir que os tratamentos sejam acessíveis e disponíveis para todos que precisam. Isso requer um compromisso ético das empresas farmacêuticas e políticas públicas eficazes,” argumenta.
Olhando para o futuro, o pesquisador prevê que terapias personalizadas e medicina de precisão se tornarão mais comuns. “Acredito que veremos grandes avanços no tratamento de doenças crônicas e degenerativas nos próximos anos, graças à convergência de tecnologias como a IA e novas descobertas farmacológicas,” conclui Schreiber.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Bianca Freitas
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