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Chef e jornalista teme a superficialidade nos influenciadores; mas perfumista vê potencial de maior engajamento
Por Bárbara Lino Afonso, Clara Heloyse Eugenie Dejean Martin, Isadora de Paiva Nascimento, Poliana de Brito Belo e Valentina Sclauser Bertoch
A ascensão das redes sociais desafia o jornalismo gastronômico e divide opiniões: enquanto o chef André Boccato alerta para a superficialidade e os interesses pessoais nas críticas digitais em comparação às análises técnicas dos jornalistas, o perfumista Nicolas De Barry destaca o potencial das plataformas para ampliar o engajamento e explorar conexões sensoriais entre perfumaria e culinária.

Para o chef e jornalista gastronômico André Boccato, do canal Cozinhando com palavras, o papel das redes sociais no cenário da crítica gastronômica é ambíguo. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube ampliam o acesso à informação, permitindo que mais pessoas compartilhem experiências. “As redes sociais democratizam a voz de críticos e consumidores, e qualquer pessoa pode opinar sobre suas experiências. Mas, ao mesmo tempo, isso abre espaço para avaliações superficiais e, muitas vezes, motivadas por interesses pessoais ou parcerias comerciais”, afirmou Boccato. Ele ressalta que a crítica gastronômica profissional ainda possui um peso importante, justamente pela análise detalhada e embasada, mas reconhece que o impacto imediato dos influenciadores atinge um público cada vez mais jovem e conectado.
Boccato vê nas redes sociais uma facilidade para a circulação de informações sobre o mundo gastronômico, mas questiona se essa nova dinâmica contribui para a qualidade das discussões. Críticas mal embasadas podem se espalhar rapidamente, gerando grande repercussão, muitas vezes à custa de reputações construídas com muito trabalho. “Muitas postagens têm o poder de viralizar e influenciar decisões em minutos, mas esse alcance nem sempre vem acompanhado da devida análise”, reforçou o chef.
Enquanto Boccato observa com cautela o papel das redes no jornalismo gastronômico, o perfumista Nicolas De Barry enxerga nas plataformas digitais uma oportunidade para criar experiências mais envolventes e sensoriais. Com uma trajetória que passa pela perfumaria em Grasse, França, e pelo trabalho acadêmico, De Barry destaca que as redes oferecem um novo espaço para explorar a sinestesia – as interseções entre olfato e paladar que unem perfumaria e gastronomia. “Esses elementos são emblemáticos nas duas áreas e as redes sociais amplificam seu impacto ao alcançar um público vasto e curioso”, afirmou o perfumista, que promove workshops nos quais explora a relação entre esses sentidos em degustações e experiências sensoriais.

Em eventos e masterclasses, De Barry busca conectar o público a ingredientes comuns e ao mesmo tempo emblemáticos, que aparecem tanto na culinária quanto na perfumaria. “Embora a baunilha seja popular, há sempre a oportunidade de explorar ingredientes menos convencionais, como a rosa, criando experiências inusitadas para o público”, explicou o perfumista. As redes sociais, para ele, funcionam como uma vitrine ampla e interativa, permitindo que o público experimente as criações por meio de vídeos e conteúdos visuais.
A convivência entre o jornalismo gastronômico e as redes sociais, embora conflituosa, aponta também para uma complementaridade. Enquanto as plataformas digitais ampliam o acesso e incentivam novas perspectivas, o jornalismo gastronômico traz a credibilidade e a análise mais aprofundada que formam a base de avaliações consistentes. Esse equilíbrio, segundo o próprio Boccato, é o que deve nortear o futuro da crítica culinária, permitindo que as redes sociais e o jornalismo especializado ofereçam, juntos, um conteúdo mais rico, acessível e relevante.
Edição: Mariana Neves
Orientação; Prof. Artur Araújo
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