Cultura & Espetáculos
Macunaíma, de Mário de Andrade, inspira 34 artistas contemporâneos, com trabalhos que vão da pintura à videoarte
Por: Daniel Ribeiro e Isabela Meletti
Unir literatura às artes visuais, essa é a proposta de “A Imagem e a Palavra”, exposição que apresenta produções artísticas contemporâneas inspiradas em “Macunaíma”, personagem do romance homônimo publicado em 1928 por Mário de Andrade. Com obras de 34 artistas, a exposição de reabertura do museu − que estava fechado para reforma desde 2022 − conta com produções muito diversas. Durante uma passagem pela exposição, o visitante pode observar trabalhos que variam entre a pintura, desenho (tradicional e digital), fotomontagens, gravuras, esculturas em materiais diversos, instalações temporárias e videoarte.
Apropriado de maneira diversa pelos artistas da exposição, Macunaíma, que nesse ano faz 96 anos, é usado para se refletir tanto sobre questões cotidianas quanto da atualidade do país. No MACC, o personagem não é apenas retratado como um indígena sem caráter, inconsequente, malandro e preguiçoso, mas principalmente tornou-se um pressuposto para que os artistas falassem de outros temas.
É o caso de Ângela Barbour, curadora e artista participante, que na obra Silêncio rasgado associa a preguiça de Macunaíma com admiração à vida “porque a preguiça do nativo é diferente da preguiça do homem moderno” afirma a artista. “Está muito mais ligada a contemplação, à uma outra forma de ver o mundo”, avalia.
Abaixo, o áudio da entrevista com a artista e curadora da exposição Ângela Barbour:
Por outro lado, a artista plástica Regina Carmona usou o herói sem caráter para abordar temas que transitam entre o descompromisso, o vazio e identidade. Para ela, Macunaíma é uma pessoa descompromissada de obrigações morais, é um herói, um bandido, um peregrino, mas principalmente um amante. Foi com essa perspectiva que Regina criou “A noiva do vazio”, obra que representa as mulheres tocadas por Macunaíma, e que, segundo a artista, a obra afirma que “você é o que é por você mesmo”.
Ainda sobre a variedade de abordagens artísticas, Altina Felício, artista e organizadora do projeto, destaca a diversidade de aspectos socioculturais que Macunaíma proporcionou ao público. Altina conta que, antes dos preparativos finais, sentia falta de uma temática afro na exposição.
Religiosa, Altina fala emocionada que, durante uma viagem a Santana do Parnaíba, conheceu o trabalho de Johnny Rosário por acaso, e assim achou “…o que faltava na exposição” e que sentiu “que estava no lugar certo na hora certa”. Devido ao acaso, agora os trabalhos de Johnny − que são três desenhos de orixás: Ogum, Iansã e Exu − integram a exposição. “Afinal, um artista precisa do outro para completar a obra dele”, avalia.
Abaixo, uma galeria de fotos com algumas das obras da mostra:
Serviço:
Horário: Aberto até dia 31 de agosto (na data haverá um finissage com os artistas participantes) das 9h às 17h de terça a sexta-feira; Aos sábados, das 11h às 15h
Faixa etária: Livre
Preço: Gratuito
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Isabela Meletti
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