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Palestra contou com a participação de professores e alunos da PUC-Campinas
Por Luiz Oliveira
Organizado pelo Centro de Ciências Humanas da PUC-Campinas, ocorreu na noite de ontem (11) um debate com o sociólogo e pensador Jessé Souza, autor do livro “Como o racismo criou o Brasil”. O evento que ocorreu virtualmente pela plataforma Teams contou com a participação de professores, pesquisadores e alunos, dos mais diversos centros acadêmicos da universidade. O debate foi acompanhado por mais de 300 pessoas, entre comunidade interna e externa, sendo retransmitido por professores de universidades públicas da região. Docente da Faculdade de História da PUC-Campinas, o professor Lindener Pareto foi quem moderou o debate, que contou com a presença da Drª Eliane Jocelaine Pereira, secretária de gestão e desenvolvimento de pessoas da Prefeitura de Campinas.
Em seu novo livro, Jessé Souza mostra a sua versão mais madura acerca do racismo na sociedade brasileira, baseando-se em 40 anos de estudos teóricos e empíricos. “Esse livro foi muito trabalhoso para mim, eu estudei muito. Foram 3 anos para escrevê-lo”, conta o sociólogo. Souza diz que possui fortes críticas sobre a concepção de racismo, e que a sociedade não compreende direito esse conceito. “Eu acho que o racismo racial é a questão mais importante no Brasil hoje, mas a forma como ela está sendo compreendida é superficial e frágil”, diz o autor, que admite serem provocativas suas posições. Para Jessé, comprovar a existência do racismo não significa compreendê-lo, o que é imprescindível para estudar o fenômeno. “É extremamente importante que a gente explique o racismo, como ele é montado, construído, como foi gerado, e o que ele destrói nas pessoas”, conta.
Para Souza, o racismo é multidimensional, pois implica que todas as formas de humilhação e de opressão obedecem a mesma gramática, são operadas do mesmo modo, e levam as mesmas consequências. “Isso é importante, porque assim começamos a compreender o que é o racismo, e deixamos se sermos feitos de tolos quando o racismo assume outras máscaras”, expôs o sociólogo. O autor contou ainda que, até o governo de Getúlio Vargas em 1930, todos os pensadores e políticos brasileiros eram abertamente racistas, e que considera Vargas o maior lutador da causa antirracista no Brasil. “Até 1930, os intelectuais brasileiros pensavam o Brasil como lata de lixo da história, que a única saída que tínhamos era se ‘embranquecer’ e abandonar os negros e negras a marginalidade”, disse. É Getúlio, portanto, que incorpora a noção de Gilberto Freire, e cria uma identidade nacional positiva para o Brasil, legalizando as religiões afro, a capoeira, e incorporando no país a cultura negra.
Segundo Jessé Souza, após a interdição do racismo explícito em 1930, o fenômeno recebe outras máscaras, como o desprezo cultural e o combate ao crime: “Na esfera pública, como a elite branca não pode mais ser racista – ou não podia, antes de Bolsonaro – se faz necessário a invenção de uma máscara que o oculte”, diz ele. Para Souza, temos que ver o racismo de forma multidimensional “ou seremos feitos de tolos sempre que se montarem máscaras fingindo que o racismo morreu, enquanto continua vivo”. Após a apresentação do sociólogo, o moderador do debate, professor Lindener Pareto, deu a palavra para os debatedores convidados, professores de diversas faculdades da universidade. Entre eles, estavam o Drº Peter Panutto (Direito), Drº Glauco Barsalini (Ciências Sociais), Dra. Fabiana de Carvalho (Serviço Social) e a Dra. Eliete de Godoy (Educação).
Assunto principal do debate, o livro “Como o racismo criou o Brasil”, do sociólogo e pensador Jessé Souza pode ser adquirido na Amazon Brasil, e encontra-se disponível em formato tradicional ou Kindle. Jessé é graduado em Direito e mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília, a UnB, e doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha. É autor de mais de 30 livros, com centenas de artigos publicados em diversos idiomas, e produz conteúdo para seu canal no YouTube, onde debate política, racismo e sociedade. Entre as suas publicações, destacam-se A elite do atraso, A classe média no espelho, e A guerra contra o Brasil.
Acesse AQUI o debate na íntegra
Orientação: Profª Amanda Artioli
Edição: Luiz Oliveira
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